Cosan participa de grupo que levará gás do pré-sal à Baixada Santista

Rede de dutos prevê US$ 2 bilhões para São Paulo

Por: Júnior Batista  -  25/10/20  -  22:56
Dados obtidos pela Petrobras
Dados obtidos pela Petrobras   Foto: Arte/Monica Sobral/AT

A Compass Gás e Energia, do Grupo Cosan, pretende movimentar, junto a parceiros estratégicos, US$ 2 bilhões (R$ 11,15 bilhões) para investir em gasodutos na Bacia de Santos por meio da Rota 4 Participações.


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A intenção da empresa brasileira é ter participação minoritária no projeto e o foco é o suprimento de gás para o maior mercado do País, a Região Sudeste.


A Rota 4 vai aumentar a capacidade de transporte e produção de gás nos campos do pré-sal. Ela está dividida em duas partes: uma chamada de Rota 4, que liga a produção do pré-sal em alto-mar até Praia Grande, com um gasoduto de 275 Km de extensão (quatro vezes a distância Santos-São Paulo).


A outra parte é a Rota 4B, um gasoduto com 313 Km de extensão, sendo 294 Km no mar e 19 Km em terra, ligando o polo de produção do pré-sal da Bacia de Santos até a Ilha da Madeira, no Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro.


Segundo a Compass, a capacidade de escoamento da Rota 4 é de 21 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.


A empresa não fala em previsão de empregos, mas, segundo o consultor em planejamento estratégico e professor na área de pesquisa, exploração mineral e de petróleo e gás natural, Juarez Fontana dos Santos, o segmento pode se tornar uma chance de geração de emprego e renda para a Baixada Santista se for bem aproveitado (veja a entrevista na página B-2).


O projeto está em fase de licenciamento e a expectativa é que o gasoduto passe a operar entre 2027 e 2028. São aproximadamente quatro anos para a construção das estruturas.


A Compass é a maior distribuidora de gás do Brasil, com mais de 18 mil Km de rede instalada e 2 milhões de clientes.


Sua área de atuação está dividida em quatro segmentos: distribuição de gás natural por meio da Comgás, infraestrutura e originação de gás, acessando a oferta de gás do pré-sal e importando GNL, comercialização de gás e geração térmica a gás e trading de energia elétrica.


No mês passado, a empresa fez seu primeiro IPO (oferta pública de ações, sigla em inglês). O movimento É justamente para potenciais aquisições e investimentos privatizados.


No domingo passado, A Tribuna mostrou que, na visão do responsável pela área de petróleo, gás e biocombustíveis da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente São Paulo, Ricardo Cantarani, é fundamental que a iniciativa privada atue na região Bacia de Campos. Para o Professor Juarez Fontana, a participação da Petrobras deverá ser minoritária nos próximos anos.


“É preciso sair do regime de partilha e ir para a concessão”


O consultor em planejamento estratégico, pesquisa e exploração mineral e de petróleo e gás Juarez Fontana afirma que o mundo entrou na última onda do petróleo, que deve durar de 30 a 40 anos. Mas esse movimento pode ser a chance da região colher mais frutos com o pré-sal devido ao potencial de exploração.


Por que a Bacia de Santos ainda pode ser tão lucrativa para a região?


As empresas de petróleo estão migrando para outros tipos de energia, mas sabem que ainda há algum tempo para investimento. Para isso, precisam de segurança para achar petróleo, áreas que sejam acessíveis e com boa qualidade. E hoje, no mundo, não existe nenhuma outra área que reúna essas condições que não o pré-sal. Nem no Oriente Médio. A área do pré-sal é enorme e o nível de assertividade é muito grande. Além disso, temos tecnologia e está num País sem problemas políticos, uma grande capacidade de produção nos poços e petróleo de boa qualidade.


Então, o investimento deve ser privado?


A Petrobras está com um alto nível de endividamento, não consegue investir. Por isso, é urgente a Petrobras mudar a Lei de Partilha e concessão do petróleo (Lei nº 12.351/10, que instituiu o regime de partilha e foi alterada pela Lei nº 13.365/16). Hoje, em cada leilão, a Petrobras entra com 30% de investimento, tornando muitas vezes o processo verdadeiro fracasso. Não há mais dinheiro para tal tipo de investimento. É preciso sair desse regime de partilha e ir para a concessão. A Petrobras pode se associar e entrar só nos projetos mais lucrativos.


O País está preparado para esse ressurgimento de investimentos?


Podemos aproveitar muito bem essa oportunidade, se beneficiando não só de royalties (compensação distribuída pelo setor privado a governos), mas em toda a parte de suporte às operações. Para isso, é preciso investir em pesquisa e educação para que, quando surgir a demanda, nós tenhamos profissionais para isso. Se não, irá ocorrer o que já aconteceu: empresas privadas trazendo profissionais de fora porque aqui não tínhamos esses técnicos.


Gás ainda tem muito espaço para avançar


O gás natural é o mais limpo entre todos os combustíveis fósseis e sua utilização é vital para uma matriz energética de baixo carbono. No entanto, ele responde por apenas 10% da matriz energética nacional. A ampliação dessa participação passa por investimentos em rotas de escoamento que tragam o insumo do pré-sal ao continente.


A Compass Gás e Energia afirma que avalia formas de ampliar a oferta de gás ao Sudeste, com aproveitamento do gás do pré-sal através do gasoduto Rota 4.


A Bacia de Santos possui ainda o bloco SM-1500, da britânica BP. A empresa diz que colabora na aquisição de dados sísmicos para entender melhor a área do bloco. Ele segue em fase de pesquisa.


A Petrobras afirma que no último dia 30 fez um movimento de abertura no mercado de gás para atrair novos agentes para o segmento. A estatal assinou um contrato para compartilhamento de infraestruturas de escoamento e processamento de gás.


Segundo a estatal, as empresas privadas poderão atuar nas rotas 1, 2 e 3 no mar entre o Rio de Janeiro e Caraguatatuba, no Litoral Norte.


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