Coronavírus: bares e restaurantes da Baixada Santista pedem isenção

Restrição ao funcionamento faz com que estabelecimentos do setor peçam benesses fiscais para sobreviver e manter empregos

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  25/03/20  -  13:46
Segundo o sindicato do setor, menos de 70% dos estabelecimentos têm sistema de delivery
Segundo o sindicato do setor, menos de 70% dos estabelecimentos têm sistema de delivery   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A restrição ao funcionamento do comércio coloca em risco um dos segmentos que mais emprega na região: bares e restaurantes. Donos desses estabelecimentos já se mobilizam para evitar falência e manter parte dos cerca de 100 mil postos de trabalhos nas nove cidades da Baixada Santista. 


Em meio às negociações em busca de subsídios, os sindicatos da área já estabeleceram medidas emergenciais a serem adotadas pelas 10 mil empresas do setor. Suspensão e adiamento de impostos municipais estão no pleito. Segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SinHoRes), menos de 70% dos empresários utilizam o sistema de delivery, sugerido nesse tempo de restrição. 


A mobilização dos comerciantes pede a criação de uma linha de crédito específica para o setor, dilatação das cobranças nos pagamentos de serviços (água, luz e gás), suspensão de recolhimento de impostos e pagamento de salários por meio de seguro-desemprego. “Ninguém está se negando a pagar, mas precisamos de um prazo maior”, diz o chef Manoel Gaia, à frente do Bodegaia. 


Outro pedido é suspender por 90 dias o pagamento de serviços concessionados, como água, luz e gás. “Normalmente, a gente já pagava esses boletos com um mês de atraso. E, de uma semana para outra, vimos nosso faturamento despencar. Como vamos pagar as contas e manter os funcionários?”, desabafa. “Se não for por coronavírus, vamos morrer de fome”. 


O empresário Américo Júnior, da cantina Babbo Américo, no Gonzaga, afirma que a situação é desesperadora. “Estou escolhendo quais fornecedores pagar”. Segundo ele, a principal preocupação é manter os 70 postos de trabalho. “Não podemos deixá-los desamparados”.


Suspensão


Para tentar amenizar os prejuízos dos empresários, o presidente SinHoRes, Heitor Gonzalez, enviou ofícios aos prefeitos da Baixada Santista pleiteando a suspensão ou adiamento dos pagamentos de encargos como ISS e IPTU. 


A entidade também negociou um acordo trabalhista emergencial com os representantes dos colaboradores. A medida permite dar férias individuais e coletivas, adiar o pagamento de um terço das férias para o seu vencimento e adoção de esquema de jornada de trabalho diferenciada. 


“Estamos passando por um período cheio de incertezas e o nosso setor será um dos mais afetados”, diz Gonzalez. Ele garante existir uma negociação com o Governo do Estado para a isenção de encargos. Em âmbito federal, a categoria pede a redução da carga tributária e linhas de crédito para ajudar no pagamento da folha dos funcionários. 


Solidariedade 


Enquanto empresários ainda calculam as perdas, gestos de solidariedade começam a surgir. O açougue Bom Beef, no Embaré decidiu suspender as atividades. O estoque será doado para o Fundo Social. 


Já a Cantina Babbo Américo concede 30% de desconto para os profissionais da saúde, bastando apresentar o crachá ou CRM. A medida é uma forma de agradecimento e respeito aos médicos e equipes de enfermagem que estão atuando contra o coronavírus.


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