Consórcio para saúde de cidades da Baixada Santista emperra

Proposta foi apresentada em 2017 no Condesb e aceita por todas as cidades da região, para baratear custos. Porém, ficou na intenção

Por: Maurício Martins & Da Redação &  -  28/04/19  -  16:24
Mourão falou sobre como o Bom Prato poderia ser instalado em Praia Grande durante entrevista
Mourão falou sobre como o Bom Prato poderia ser instalado em Praia Grande durante entrevista   Foto: Anna Gabriela Ribeiro/G1

Um consórcio das nove cidades da região, na área de saúde, para a compra conjunta de remédios e materiais hospitalares, o que reduziria custos. Essa foi a proposta que saiu de uma reunião do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) há dois anos e teve destaque em A Tribuna. Mas, como a maioria dos projetos metropolitanos, ficou só no discurso.


Na época, o Condesb era presidido pelo prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB). Otimista, ele dizia que o grupo de trabalho, composto por integrantes das prefeituras, verificaria juridicamente os procedimentos para chegar à criação do consórcio regional. Hoje, ele acredita que há um problema “psicológico” que impede o pensamento metropolitano.


“Há falta de visão administrativa. Não assumimos uma unidade regional de pensamento e não conseguimos superar nossas adversidades. Vivemos um problema psicológico: nos tornamos uma região metropolitana de fato e de direito, mas sem essa percepção profunda na alma”, diz Mourão.


O prefeito de Praia Grande critica a falta de “vontade política” dos administradores locais e brigas internas no conselho. “Foi formada uma comissão para fazer a formatação (do consórcio), mas logo depois teve eleição, terminou meu mandato e entrou uma crise política dentro do Condesb. Além disso, tivemos a eleição estadual, e essa pauta acabou ficando de fora da prioridade”. 


Para ele, ainda é possível resgatar a proposta, desde que as cidades resolvam seus problemas. “Há trocas constantes de secretários (de Saúde). Teve prefeitura que trocou três vezes, que o prefeito assumiu a secretaria. As cidades ficam apagando seus incêndios internos e não tocam pauta regional”. 


Para o secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, quem deu a ideia – no caso, Mourão –, é que deveria colocá-la em prática. Mesmo não sendo contrário, ele não enxerga a iniciativa como prioritária.


“Nos colocamos à disposição para que o Condesb fizesse a condução e Santos estaria participativa. Agora, tem que ser questionado a quem teve a ideia. Isso não vai resolver os principais problemas que temos na Saúde”, afirma Ferraz. 


Atual presidente do Condesb, o prefeito de Peruíbe, Luiz Maurício (PSDB), afirma que na época havia “grande viabilidade” para o consórcio, mas questões legais precisariam ser contornadas. “Confesso que não fiquei por dentro de como foi a finalização disso”, diz Maurício. Porém, afirma que voltará a pautar o tema. “Tem que ser retomado”.


Outras cidades veem importância


Na contramão das demais opiniões, o prefeito de São Vicente, Pedro Gouvêa (MDB), julga que a proposta está caminhando. “Na verdade, ela necessita de ampla análise, antes de ser colocada em prática, pois trata-se de um tema complexo”, diz. “Não se pode falar em falhas, mas, sim, em cuidados que estão e devem ser tomados para que cheguemos a um denominador comum”.


O secretário de Saúde de Bertioga, Fernando Moreira, acha a demanda importante e que facilitaria o gerenciamento dos serviços de saúde. “A região metropolitana precisa de renovação e de redesenho da participação dos municípios junto à Agência Metropolitana (Agem), com caráter mais prático, enxergando as necessidades na ótica do município, e não, do Estado”. 


O prefeito de Mongaguá, Márcio Melo Gomes, o Márcio Cabeça (sem partido), era vice na época e diz não ter participado ativamente dos debates. Acha, porém, que “a ideia de consórcio favoreceria sobremaneira a aplicação de medidas mais eficientes na área da saúde”. 


Em nota, a Secretaria de Saúde de Guarujá afirma esperar um posicionamento do Condesb e destaca que “se mantém disponível” para “continuar a colaborar na construção de melhorias importantes, necessárias e essenciais para quem depende do sistema público de saúde”. Cubatão e Itanhaém não se manifestaram.


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