Comércio da Baixada Santista prevê menos movimento por conta do coronavírus

Serviços e comércios da Baixada Santista também devem ser impactados com o avanço da pandemia no País

Por: Eduardo Brandão  -  14/03/20  -  22:31
Comércio prevê menos movimento.
Comércio prevê menos movimento.   Foto: Matheus Tagé

Da sequência de quedas nas bolsas de valores planetárias – a pior nos últimos 22 anos no mercado de papéis futuros de São Paulo, na quinta-feira – ao quadro de estagnação global,o avanço do coronavírus (Covid-19) terá impactos no crescimento econômico mundial. O cenário de incerteza projetado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) já ameaça o faturamento de restaurantes e bares da região. O setor projeta um tombo de 15% a 20% da movimentação. 

Serviços e comércios da Baixada Santista também devem ser impactados com o avanço da pandemia no País. Empresários e entidades representativas locais ainda calculam eventuais retrações nas finanças e já estudam formas de como manter equilibradas as vendas. O alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que seja evitada aglomeração popular, o que afeta diretamente os setores.

“A tendência é que as pessoas optem por ficar mais em casa, e escolham um sistema de delivery. Aconselhando os associados a investirem neste serviço”, resume o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SinHoRes), Heitor Gonzalez.

Ele estima que essa situação deva perdurar entre 15 dias a um mês. Empresários do setor vão se reunir na próxima semana para debater estratégia de enfrentamento da doença. “A ideia é fornecer um guia de boas práticas para restaurantes, bares e hotéis”, diz.  

Ele recorda que comércio e serviços são os principais motores da economia regional, em especial após a alta temporada. Shows e estreias de filmes já foram cancelados em estabelecimentos da Baixada Santista por temor da escalada do novo vírus. A pandemia pode comprometer as operações logística e o e abastecimento de cadeias de suprimentos. 

“Por enquanto, não há nenhum caso (de coronavírus) na região e também não temos desabastecimento (de mercadorias) como vemos em outros países”, diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista (Sincomércio-BS), Omar Abdul Assaf. Contudo, ele reconhece que o setor pode ser impactado com o avanço da doença, conforme preveem infectologistas e autoridade sanitárias paulistas.

Assaf teme risco correria aos supermercados para estocar produtos por “histeria” coletiva provocada pela ampliação de casos, segundo estimativas de contaminação usadas para estabelecer as políticas de internação. “Não é uma ação para minimizar o problema, mas não se deseja agravar. O comércio está funcionado normalmente, não há desabastecimento, exceto num caso ou outro pontual, como o álcool em gel”.

O diretor regional da Associação Paulista de Supermercados (APAS), André Luiz Trigo Gouvêa afirma que os estabelecimentos estão com os estoques normalizados, e que a cadeia de abastecimento (indústria e transportes) opera com regularidade e o abastecimento está com fluxo normal. 

Em nota, contudo, a entidade destaca ter observado um aumento da frequência de consumidores em alguns estabelecimentos, “mas que os supermercados estão preparados para atender a demanda e não há registro de desabastecimento nas lojas do Estado de São Paulo”.

Entre os itens de maior procura, listam produtos de prevenção (como álcool em gel) e mantimentos de primeira necessidade.“Toda a cadeia de abastecimento vem trabalhando para que os itens não faltem nas prateleiras e, além disso, se mantenha um equilíbrio de preço nos pontos de vendas”, continua o comunicado.

Apesar de ainda calcular as projeções de eventuais perdas de receita, Assaf afirma que a suspensão de eventos terá reflexos na economia. “Até porque (o empresário) depende do faturamento. O pipoqueiro em frente (ao cinema) depende do movimento, tem também os trabalhadores dos estabelecimentos. Em breve, haverá mais desemprego. É algo preocupante”.
 


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