Cidades da Baixada Santista se preparam para efeitos do aquecimento global

Estado, prefeituras e sociedade civil se reúnem para traçar um plano de adaptação a eventos climáticos extremos

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  13/11/19  -  00:26
Cidades da Baixada Santista se preparam para efeitos do aquecimento global
Cidades da Baixada Santista se preparam para efeitos do aquecimento global   Foto: Carlos Nogueira/AT

É fato: o aquecimento global elevará os riscos de inundações e até o desaparecimento de faixas de terra nas cidades da região. Por conta disso, técnicos dos nove municípios, representantes do estado e da sociedade civil se reúnem até quarta-feira (13) na sede da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem).


O objetivo é criar um plano para adaptar as cidades aos eventos climáticos extremos e traçar metas de redução de gases de efeito estufa, até agosto de 2020. “A Baixada Santista é uma das áreas com maiores impactos às mudanças climáticas”, cita a presidente da Cetesb, Patrícia Iglecias.


Mapeamento do órgão paulista indica que grande parte dos riscos regionais está relacionada à ocupação de áreas irregulares em morros e manguezais. 


Essas localidades são mais suscetíveis aos efeitos climáticos, como deslizamentos de terra, assoreamento de rios e canais, dificuldade de escoamento da água das chuvas, enchentes e alagamentos. “É nos municípios que podemos ganhar ou perder nas ações de busca de sustentabilidade”, explica Patrícia.


Na região, faltam base de dados históricos que possam afirmar a quantidade e intensidade das frequências climáticas. O registro de chuvas feito pela Defesa Civil do Estado se baseia apenas nos eventos ocorridos em Santos. “É importante ter o monitoramento para diagnósticos e formatação de ações. Com ele, podemos no futuro elaborar projetos”, afirma Patrícia.


Acelerando


O pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, Pedro Roberto Jacobi, sustenta que situações drásticas têm se intensificado no Brasil. “Vivemos em um país onde não existem eventos climáticos de calendário, como tufões, furacões. Mas verificamos, cada vez mais, a incidência de eventos climáticos extremos”. Como exemplo, cita crises hídricas intercaladas com enchentes de grandes dimensões.


O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU alerta que, a partir de 2050, as grandes tempestades acontecerão em média uma vez por ano, especialmente nos trópicos. Antes, esses fenômenos ocorriam uma vez por século, diz o colegiado global. “Os sistemas não mudam de forma gradual, contínua. Eles geram mudanças bruscas, inesperadas e muitas vezes irreversíveis”, diz o pesquisador do IEA.


Segundo Jacobi, faltam ações contínuas e integradas para reduzir o potencial dos danos. Entre elas, o pesquisador exemplifica modificar a lógica das intervenções nas cidades. “Nosso padrão de urbanização é insustentável”.


Como solução, apresenta maior índice de áreas verdes, que pode interferir na relação temperatura e volume de chuva. Os especialistas não falam em ações para conter os efeitos do clima, mas propostas para a adaptação a eles.


O secretário-executivo da entidade mundial Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI), Rodrigo Perpétuo, defende incluir nas regras da construção civil dispositivos para minimizar os efeitos da natureza. “Condições como impermeabilidade do solo e áreas de possível edificação devem ser claras”.


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