Cidades da Baixada Santista se preparam para chuvas durante temporada de verão

Plano Preventivo de Defesa Civil, organizado pelo estado, é implantado nos nove municípios da região

Por: De A Tribuna On-line  -  21/11/18  -  09:46
Santos possui 10.832 domicílios em áreas de risco de movimentos gravitacionais de massa
Santos possui 10.832 domicílios em áreas de risco de movimentos gravitacionais de massa   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC) para esta temporada de verão entra em vigor no próximo dia 1º de dezembro. Conhecido como Operação Chuvas de Verão, ele será implantado nas nove cidades da Baixada Santista, em conjunto com a Defesa Civil estadual e órgãos municipais, para aredução de danos materiais e preservação de vidas em caso de ocorrências meteorológicas.


Um boletim do Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia (NOAA), emitido em 8 de novembro deste ano, aponta para um "cenário de aquecimento do Pacífico com formação de um fraco El Niño durante o verão do Hemisfério Sul".Com isso, a chuva também será mais frequente em todo o Estado de São Paulo.


O PPDC observa quatro diferentes níveis de operação: observação, atenção, alerta e alerta máximo. Eles variam de acordo com o acumulado de chuva, a previsão meteorológica e evidências de instabilidade constatadas em vistorias de campo. O objetivo é manter a população permanentemente informada e atuar antes da ocorrência de um deslizamento, buscando assim evitar danos maiores aos moradores expostos a risco.


Para facilitar a comunicação entre Defesa Civil do Estado e a população, um sistema de emissão de alertas, via SMS, avisa os habitantes sobre algo que possa ocorrer. Mas eles precisam se cadastrar enviando uma mensagem de texto, contendo o número do CEP, para o número 40199. Todas as prefeituras da região orientam que pessoas que moram nessas áreas se cadastrem para que recebam os alertas.


Entre as principais orientações, a Defesa Civil pede que os moradores das áreas de risco tomem ações de prevenção e de monitoramento da encosta, como não remover a vegetação natural, não lançar entulho em águas pluviais e águas servidas junto à encosta, não promover o corte da encosta e não ocupar áreas impróprias à habitação. Também valem como dicas o não plantio de bananeiras e a não construção (cortes e aterros) sem consultar o órgão municipal responsável.


A reportagem de A Tribuna On-lineentrou em contato com as prefeituras da Baixada Santista para saber sobre os preparativos para a temporada de verão.


Santos


Em Santos, 10.832 domicílios se encontram em áreas de risco de movimentos gravitacionais de massa, sendo 142 em setores de risco baixo, 6.490 em setores de risco médio, 3.096 em setores de risco alto e 1.104 em setores de risco muito alto. Os números são domapeamento do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) 2016-2017, que aponta que pouco mais de 912 moradias estão indicadas para remoção.


Mais de 100 funcionários de órgãos municipais e estaduais participam do PPDC na Cidade. O Município também realiza o monitoramento para identificar instabilidades no terreno e assim estabelecer contato com a Defesa Civil para que a mesma faça uma avaliação do risco local.


A Prefeitura pede que os moradores fiquem atentos à inclinação de árvores e postes, trincas no terreno e nas edificações e águas barrentas provenientes da encosta. Ao constatar algumas dessas evidências, o munícipe deve procurar um local seguro e entrar em contato com a Defesa Civil por meio do telefone 199.


São Vicente


Em São Vicente, de acordo com a Secretaria Municipal de Habitação,261 moradias, divididas entre quatro núcleos, estão em área de risco na Cidade. Elas estão localizadas nos morros do Itararé e do Voturuá. Na última temporada, a Defesa Civil registrousete movimentos gravitacionais de massa, sendo cinco em janeiro e dois em março deste ano.


Todas as secretarias municipais estão envolvidas no PPDC com dois representantes cada, além de Codesavi, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Exército. Segundo a Prefeitura,as principais medidas adotadas pelo Município para o PPDC são as vistorias de campo, o acompanhamento dos boletins meteorológicos e o cálculo do índice pluviométrico. A partir dessas análises é que se muda ou não o nível do plano na Cidade e as ações são tomadas.


Quando houver sinais de trincas nas moradias em áreas de encostas, trincas no terreno, trincas e embarrigamento de muros, inclinação de árvores, postes e muros e água barrenta descendo pela encosta, é necessário que o morador acione imediatamente a Proteção e Defesa Civil, para avaliação, por meio do telefone 199 ou 3467-7708.Ainda, ao ouvir estalos na encosta, o morador da área deve desocupar o imóvel imediatamente e acionar a Proteção e Defesa Civil.


Praia Grande


Praia Grande possui280 pessoas que vivem em áreas mapeadas como sendo de risco de deslizamentos de massa e não registrou ocorrências relacionadas às chuvas na última temporada. Segundo a Administração Municipal, estão envolvidas todas as secretarias municipais, polícias Militar, Rodoviária, Ambiental Civil, Corpo de Bombeiros, Sabesp e empresas de energia elétrica.


A Defesa Civil de Praia Grande informou estar em estado de observação com acompanhamento e monitoramento dos índices pluviométricos por 24 horas por dia. Caso o índice ultrapasse 80 milímetros em um período de 72 horas, são realizadas vistorias nos locais previamente mapeados para que sejam analisadas as medidas a serem tomadas.


Cubatão


Dois núcleos merecem maior atenção da Prefeitura de Cubatão durante o período chuva, por estarem em áreas sujeitas a deslizamento: o da Mantiqueira (141 famílias), situado na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, divisa entre Cubatão e Santos; e Pilões (100 famílias), na foz do Rio Pilões.Na última temporada, segundo a Administração Municipal, não foi registrada nenhuma ocorrência relevante na cidade.


O PDDC de Cubatão possui duas frentes. Uma coordenado pela Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec) e o Plano de Contingência da Serra do Mar, coordenado pela indústrias.No âmbito da Prefeitura, são mobilizadas diretamente na Defesa Civil 61 pessoas: os 19 membros da Comdec, além de dois representantes de cada secretaria municipal.


De acordo com a Defesa Civil do Município, nesta época, a maior preocupação é com áreas sujeitas a riscos de deslizamentos e há um cuidado especial com a orientação da população. Este trabalho é feito pelos membros da Comdec, em conjunto com os Núcleos de Defesa Civil (Nudecs), formados pelos próprios moradores de áreas de risco. A Prefeitura de Cubatão também disponibiliza uma página com origentações gerais.


Guarujá


Guarujá possui 1.644 moradias em áreas de risco. Segundo a Prefeitura, nenhuma está em área de risco 4, que necessite de remoção das famílias, ou com possibilidade de deslizamento iminente. A Cidade registrou, na última temporada,32ocorrências de sinistros naturais e tecnológicos. Entre elas, queda de árvore, vendavais, danos estruturais a edificações, tombamento de fios e postes, deslizamentos, incêndio e vistoria preventiva. Não foi registrada nenhuma vítima.


Em caso de grandes emergências, é acionado o plano de contingência de Guarujá, quando todas as forças do município podem ser mobilizadas. O morador ficar atento aos sinais de movimentação de terra se chover, como rachaduras, inclinação anormal de muros, postes ou árvores. Nestes casos, sair de casa imediatamente e acione a Defesa Civil pelo telefone 199.


Guarujá registrou 32 ocorrências na última temporada de verão
Guarujá registrou 32 ocorrências na última temporada de verão   Foto: Reprodução/Google Maps

Bertioga


De acordo com a Prefeitura de Bertioga, quatro áreas são consideradas de risco para enchentes, onde moram cerca de 7 mil pessoas. No levantamento de 2014, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) registrou cerca de 1.800 moradias nesses locais.


A Cidade possui o Plano Municipal de Contingência, que estabelece procedimentos de urgência para diversos órgãos, como Defesa Civil, Bombeiros, Serviços Urbanos e Saúde, em situações de desastres. Ele prevê monitoramento, alerta, alarme e resposta, incluindo ações de socorro e ajuda humanitária.


Em casos de sinistros, as vítimas podem ser encaminhadas às escolas municipais ou a serviços de assistência social, como o Albergue Municipal – Casa de Passagem Renascer, que fica na Rua Ayrton Senna da Silva, 1108, Centro.


Mongaguá


Em Mongaguá,as principais áreas monitoradas apresentam dificuldade de escoamento das águas, em razão de estarem abaixo donível do mar e localizadas em regiões próximas aos rios. As comunidadesidentificadas com potencial de risco de alagamentos em tempos de chuva são: Jardim Aguapeú, Vila Operária, Agenor de Campos e Itaguaí,considerando-se locais pontuais desses bairros, que juntossomam cerca de 80 famílias.


Quando se trata de encosta, a comunidadeinserida neste contexto e que requer uma atenção específica nestesentido é a da Vila Nova, na divisa com Praia Grande. São cerca de 10famílias, que moram no sopé do morro que enfrentou um deslizamento deimportante proporção em novembro de 2016.


Na última temporada, foram registrados apenas alagamentos. A Aministração Municipal informou que mantém um cronograma rígidode limpeza de valas e desobstrução, manutenção e construção de galerias,bem como de sistemas de drenagem, valas e córregos nos bairros, comvistas a minimizar os impactos da chuva para as comunidades,sobretudo, em regiões próximas aos rios que cortam a cidade.


Todas asáreas apontadas como passíveis de sofrerem reflexos diretos ou indiretospor conta das condições climáticas são monitoradas regularmente. Já com relação a áreas deencostas, as equipes da Defesa Civil visitam rotineiramente os locais,observando o comportamento das encostas, notadamente quando os índicesde chuva atingem níveis preocupantes.Havendo qualquer alteração, amáxima a ser seguida é a de deixar o local imediatamente e acionar aDefesa Civil.


A Prefeitura assegurou que esse trabalho é reforçado cotidianamente pelas redessociais e meios de comunicação oficiais. O órgão tambémtem visitado unidades escolares, promovido palestras e esclarecimentosaos alunos, pais e responsáveis. Além disso, há orientação dosvoluntários dos núcleos comunitários de Defesa Civil nos bairros. Nacidade há também unidades que medem os índices pluviométricos.


Itanhaém


A Prefeitura de Itanhaém informou que o PPDC da Cidade está em fase de conclusão. Dentro do plano existe uma inovação, que são as instituições dos Núcleos de Defesa Civil articuladas para mapear áreas de ricos, que terão representantes da comunidade para informar aos profissionais da Defesa Civil em casos de emergência.


Esses representantes serão os agentes multiplicadores. Além disso, a Defesa Civil informou que já realiza o registro e o acompanhamento, por imagens áreas, do processo de limpeza de rios, riachos e córregos. A ação está prevista no PPDC.


A Prefeitura de Peruíbe não retornou aos questionamentos da Reportagem.


IPT registrou cerca de 1.800 moradias em área de risco em Bertioga
IPT registrou cerca de 1.800 moradias em área de risco em Bertioga   Foto: Rogério Soares/AT

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