Cidades da Baixada Santista já usam cloroquina em pacientes com coronavírus

Além de Santos, São Vicente, Praia Grande e Cubatão, Guarujá e Itanhaém também passarão a usar o medicamento nos casos em que o médico responsável achar necessário

Por: Nathália de Alcantara  -  11/04/20  -  11:20
Prospectos para o futuro incluem mais tecnologia nos tratamentos oferecidos pela instituição
Prospectos para o futuro incluem mais tecnologia nos tratamentos oferecidos pela instituição   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Guarujá e Itanhaém passarão a usar cloroquina para tratar pacientes com coronavírus. Santos, São Vicente, Praia Grande e Cubatão já usam o medicamento em pacientes com covid-19 internados. Segundo o secretário de Saúde de Guarujá, Vitor Hugo Straub Canasiro, 110 mil comprimidos chegarão na próxima semana.


“Pelo que se observa e diante do desalento de não termos arsenal terapêutico por se tratar de uma doença nova, nós usaremos, sim”.


Segundo ele, o tratamento dura cinco dias e o médico determinará quando é indicado. Primeiro, é dada uma dose de ataque (dois comprimidos) e os outros quatro dias são com um comprimido só.


“Alguns são muito entusiastas dessa medicação, mas ela ainda demanda testes clínicos para que tenhamos evidências conclusivas. Mas, se temos uma luz no fim do túnel, vamos usá-la. Nós estamos precisando”.


Segundo a Prefeitura de Itanhaém, a droga será usada quando o sistema de saúde entrar em colapso e tiverem de tratar pessoas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).


Já usam 


O secretário de saúde de Santos, Fábio Ferraz, explica que a cidade já usa a cloroquina há semanas na rede municipal.


“Ela foi usada em alguns pacientes e gradativamente eles foram melhorando, mas nada que chamasse a atenção. Cada caso é analisado para a liberação da medicação. Não há regra para uso atrelada a intensidade e gravidade do caso, mas na disposição do paciente em usá-la”.


O diretor do Hospital Municipal de São Vicente, Sergio Cipriano, diz que a unidade também já adotou esse tratamento.


“Temos no hospital para usar em casos de pacientes com covid-19 conforme indicação do médico. O remédio é usado a partir do quarto dia do primeiro sintoma e são monitoradas as enzimas hepáticas e a frequência cardíaca dos pacientes, por conta dos efeitos colaterais”.


Segundo ele, em dez dias ficará pronta a enfermaria com 14 leitos de UTI no local, todos com respiradores.  “A cloroquina é usada com azitromicina e sulfato de zinco. Ela é muito tóxica, mas tem um efeito ótimo”.


Decisão


O diretor técnico da Beneficência Portuguesa, Mario Cardoso, revela que o hospital usa a hidroxicloroquina desde a metade de março.


“Usamos em um dos primeiros doentes a chegar. Ele tinha sofrimento respiratório e ainda está internado,  mas melhor. É um homem do grupo de risco. Hoje, temos 37 doentes e sete na UTI”.


Mario, que também é um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, acredita que a liberação da medicação foi acertada.


“O Brasil pode lançar olhares no que os outros países fizeram, porque quando a doença chegou ao país, já era uma pandemia mundial”.


Na Beneficência Portuguesa, uma junta médica decide quando é o caso do paciente começar com o remédio. São coordenadores de UTI, diretor clínico, infectologista e diretor técnico.


“Mais cabeças pensam muito melhor. A medicina não é uma ciência exata. Ela avalia os fatores químico e humano. Cada organismo é de um jeito e em cada um é dada uma sentença”, explica Mario.


Praia Grande também já utiliza a cloroquina, mas estuda a possibilidade de elaboração de um protocolo municipal para regulamentar o uso do medicamento para evitar a má utilização.


Em Cubatão, o medicamento foi e continuará sendo usado em internados.


Outras cidades


Na região, Bertioga, Peruíbe e Mongaguá ainda não sabem se usarão a medicação. Segundo a secretária de Saúde de Peruíbe, Mariana Trazzi, a cidade ainda não iniciará o uso, pois o município, por enquanto, só tem leitos de observação na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h.


“Depois de instalarmos o nosso hospital de campanha com leitos de UTI definiremos nossa conduta”.


Já em Mongaguá, são atendidos apenas casos considerados leves. Os moderados e graves são transferidos para hospitais-referência. E, segundo explica o diretor de Saúde de Mongaguá, Marcelo Marco, só os casos graves são tratados com a cloroquina.


“O mais importante, agora, é respeitar os protocolos, pois há atualizações e novidades todos os dias”. 


Já em Bertioga, haverá reunião na segunda-feira junto à diretoria clínica do Hospital Municipal de Bertioga e equipe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para definição das diretrizes terapêuticas municipais a serem implementadas.


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