Cervejeiros da Baixada Santista repercutem envenenamento causado pela Belorizontina

Eles também dão dicas de cuidados que o consumidor deve ter quando for tomar uma gelada

Por: Nathália de Alcantara  -  19/01/20  -  17:08
Por enquanto, está suspensa a venda dos 21 rótulos da cervejaria mineira Backer
Por enquanto, está suspensa a venda dos 21 rótulos da cervejaria mineira Backer   Foto: Douglas Magno/ AFP

A Baixada Santista tem hoje sete rótulos oficiais de cerveja artesanal, quando há certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os paneleiros – os que fazem cerveja em casa – não podem vender o produto.


O alerta surge diante da polêmica envolvendo a cerveja Belorizontina por conta de quatro mortes que podem estar ligadas a uma substância tóxica presente na bebida. O caso está sendo investigado. Por enquanto, está suspensa a venda dos 21 rótulos da cervejaria mineira Backer.


O cervejeiro da Cais, Eugênio Martins Júnior, diz que as cervejas feitas na região não usam produtos químicos. “O resfriamento é feito com água gelada e ela nem entra em contato com a cerveja. Existe cerveja artesanal no exterior com mil anos e nunca aconteceu nada desse tipo”.


O cervejeiro Eugênio diz que as cervejas feitas na região não usam produtos químicos
O cervejeiro Eugênio diz que as cervejas feitas na região não usam produtos químicos

Mas ele diz que o assunto acendeu uma luz amarela para os produtores. “Muita gente começou a fazer cerveja comercialmente, mas ela não pode ser vendida. Os consumidores devem saber disso”.
Para Eugênio, o caso é como um ataque de tubarão. “Por conta disso, ninguém mais vai à praia? São processos e componentes químicos diferentes de cerveja para cerveja”.


A relações públicas e sommelière de cervejas Giselle Sampaio Carneiro diz que todo cuidado é pouco na produção de cervejas. “Tudo deve ser muito bem esterilizado, pois qualquer gota de qualquer coisa contamina e deixa a cerveja intragável. Eu mesma já tive que jogar dez litros no ralo”.


A sommelière de cervejas Giselle diz que todo cuidado é pouco na produção
A sommelière de cervejas Giselle diz que todo cuidado é pouco na produção

A especialista no assunto diz que o caso da Belorizontina pode ter sido um caso isolado, mas serve de alerta para os produtores intensificarem seus controles de qualidade.


O publicitário e cervejeiro Rodrigo Ribeiro Ramos, da Bicudo Brewing Co, diz que o mercado da região segue normalmente, apesar da surpresa com a notícia da cervejaria mineira.“As vendas estão normais. Foi um problema isolado que não vai afetar em nada o mercado”.


Rodrigo Bicudo diz que as vendas de cerveja estão normais na região
Rodrigo Bicudo diz que as vendas de cerveja estão normais na região

Produção


Ele diz que o processo de produção de cerveja inclui três caldeirões: um com água quente e outro com água e grão de malte numa temperatura entre 64°C e 67°C por 60 minutos. Só o líquido será fervido a 100°C no último tanque durante 1h ou 1h30, dependendo do tipo de cerveja.


“O problema na Belorizontina aconteceu nesse último tanque. Cada cervejaria trabalha de uma forma”.
O cervejeiro fundador da Everbrew, Célio Ongaro Junior, afirma que acompanha uma vez por semana a terceirização do processo, em Itupeva (SP). São 12 mil litros de cerveja por mês.


“Em Santos, temos a produção de 2,5 mil litros por mês para a Cervejaria Everbrew, nosso beer pub. Esse público não se intimida com o lance da cerveja contaminada”, explica Célio.


Em Santos, segundo ele, é usado etanol alimentício (e não dietilenoglicol, como na cervejaria mineira) para não congelar a serpentina que resfria o tanque. A substância também não tem contato com a cerveja. “Na região, a produção e a venda continuam normais”.


Por pouco


O técnico de segurança Leandro de Freitas Fernandes, de39 anos, escapou por pouco. “Há umas duas semanas, comprei duas Belorizontina em Caraguatatuba. Estava um preço bom e eu aproveitei para experimentar uma marca diferente, que nunca tinha ouvido falar”, diz Leandro.


Ele passa bem,mas não pensa em degustar a marca de novo tão cedo. “Foi muitoassustador, apesar de não termos entrado em pânico. Quando vimos as notícias, pensamos ‘nossa, foi a marca que nós tomamos’, diz o técnico.


Cuidados


- Veja se a cerveja tem o selo da vigilância;


- Verifique se a cor, o gosto e o cheiro estão normais;


- Caso identifique alguma irregularidade, acione a empresa responsável pela fabricação do produto;


- Olhe atentamente o rótulo;


- Cerveja também tem data de validade e é preciso estar atento;


- Procure informações sobre os insumos, quantidade de álcool e níveis de amargor existentes.


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