Carros de telemensagem voltam a bombar na Baixada Santista durante a pandemia

Febre anos atrás, eles voltam a fazer sucesso ao aproximarem as pessoas em tempos de isolamento social

Por: Nathália de Alcantara  -  08/06/20  -  14:13
Carina explica que o número de telemensagens mais que dobrou
Carina explica que o número de telemensagens mais que dobrou   Foto: Arquivo Pessoal

Uma maneira de driblar a distância da pessoa amada em tempos de novo coronavírus é a telemensagem ao vivo. Febre há alguns anos, os famosos carros cheios de balões e com música e mensagens de familiares voltou com tudo. Seja para alegrar ou emocionar, o sucesso tem sido tanto que o serviço mais que dobrou para a maioria das empresas.

Segundo a proprietária da Karol Mensagem e Cestas, Carina Pinto da Silva, de Guarujá, as quatro telemensagens num final de semana deram lugar a até dez eventos no mesmo período.

“Eu me sinto muito satisfeita, porque amo o que faço. Temos atendido bastante gente de fora da Cidade, que não consegue vir para estar perto do parente. A procura tem sido muito grande. Nem todos podem descer do prédio para receber a homenagem e os vizinhos costumam participar. Eu me emociono até hoje”, explica ela, que tem a empresa há 19 anos.

Josafá Teixeira Carvalho, dono da Valentina Mensagem ao Vivo, também sentiu o aumento no movimento. “A pandemia deu uma alavancada. O aumento foi de 50%. Temos ido de máscara e usado álcool em gel. Aquela muvuca em volta do carro, com pessoas querendo acompanhar a homenagem, não acontece mais. Também não passamos mais o microfone para que outros falem”.

Para ele, as pessoas têm encontrado na telemensagem uma maneira de fazer uma prova de amor. “Agora, nossa expectativa é o Dia dos Namorados (que será celebrado nesta sexta-feira)”.

Preços


Os pacotes na maioria das empresas saem a partir de R$ 100,00. Dá para escolher música, gravar uma mensagem de áudio que será tocada na hora e o carro é decorado com bexigas. Também é possível mandar flores e algum outro mimo, mas tudo isso ficará mais caro.

Na Flechada do Cupido, as 60 telemensagens no mês aumentaram para 127 em maio, explica o proprietário, Anderson Alexandre de Oliveira. “Temos feito muitos aniversários e mensagens de pais para filhos ou de filhos para os pais. Antes, atendíamos muito em bairros afastados da região central. A diferença, com a pandemia, é que estamos indo a locais de classe social mais alta. O momento também tem sido mais emocionante do que o de costume”.


Ele acredita que o mais próximo de uma festa é o carro com as mensagens. “Nós cantamos parabéns e mais pessoas podem participar, apesar de não chegarem perto. É gratificante poder animar e emocionar em um momento como este. Elas recebem o carinho e percebem que não estão sozinhas”.

Emoção


O aposentado Jorge Luis Rodrigues Ferreira, de 62 anos, surpreendeu a mulher, a dona de casa Maria Celia Ferreira, de 70 anos. Morador do Jóquei Clube, em São Vicente, ele viu a tristeza da mulher ao passar a Páscoa e o Dia das Mães longe dos filhos. Por isso, resolveu preparar uma surpresa inesquecível para o aniversário dela. E a ação entrou em prática na data, que foi na última quinta-feira.


O aposentado Jorge Luis emocionou a mulher Maria Celia, em São Vicente
O aposentado Jorge Luis emocionou a mulher Maria Celia, em São Vicente

“São 19 anos de casamento e sabia que ela gostaria muito dessa homenagem”.


Ao olhar para a rua para ver do que se tratava o som alto, Maria Celia viu os filhos ao lado do carro de telemensagem, todos de máscara


“Ela chorou bastante. É um presente inesperado e a melhor coisa que se pode oferecer neste momento em que é necessário manter distância de quem amamos de verdade”.


A empresária Roberta Limmer, de 45 anos, do Leblon, no Rio de Janeiro, escolheu a telemensagem para encurtar a distância até o Guarujá, onde mora a mãe, a professora universitária Maria Eliane Costa.


A empresária Roberta encurtou a distância entre Rio de Janeiro, onde mora, e Guarujá, onde vive a mãe, Maria Eliane com a telemensagem
A empresária Roberta encurtou a distância entre Rio de Janeiro, onde mora, e Guarujá, onde vive a mãe, Maria Eliane com a telemensagem

“Foi incrível, porque eu queria presenteá-la com emoção. Levamos afeto”, explica ela, que acompanhou a homenagem de aniversário por videochamada com a irmã, o marido e o filho Felipe.


A mãe, que mora na Enseada, se emocionou no prédio mesmo. “Ela costuma nos visitar no Rio no Dia das Mães. Estava com a passagem comprada, mas teve de cancelar por conta da pandemia. Dias depois, fez aniversário e eu não queria mandar um objeto. Queria que ela tivesse um dia feliz, já que nem na faculdade poderia comemorar direito este ano. Deu certo!”


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