Carreata contra o isolamento social leva quase 100 veículos às ruas de Santos e São Vicente

Manifestantes gritaram palavras de ordem contra o governador de São Paulo, João Doria, mas não foi consenso se o ato era político ou não

Por: Por ATribuna.com.br  -  11/04/20  -  22:22
Os motoristas transitaram entre o teleférico do Itararé, em São Vicente, e o Canal 7, em Santos
Os motoristas transitaram entre o teleférico do Itararé, em São Vicente, e o Canal 7, em Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

Uma carreata pela região da orla de Santos e São Vicente reuniu aproximadamente 70 carros e 20 motos, na tarde deste sábado (9). Em comum, os manifestantes protestavam contra a decisão do Governo de São Paulo em adotar o isolamento social e o fechamento das empresas no Estado.

Os motoristas transitaram entre o teleférico do Itararé, em São Vicente, e o Canal 7, retornando pela praia até a Praça Independência, no Gonzaga.

Em sua maioria, os manifestantes eram profissionais autônomos. Advogados, comerciantes, corretores de imóveis, caminhoneiros e motoboys eram algumas das categorias representadas na carreata.


Carros tinham colantes com frases contra o governador de SP, João Doria
Carros tinham colantes com frases contra o governador de SP, João Doria   Foto: Matheus Tagé/AT

A Tribuna conversou com alguns dos manifestantes, mas não identificou consenso sobre se o ato era político ou não.

“Estamos aqui para apoiar o presidente Jair Bolsonaro. Não é um ato político. Não estamos reclamando apenas do isolamento social, nós queremos demonstrar nosso apoio ao presidente”, declarou um caminhoneiro autônomo que não quis se identificar.

De fato, um cartaz circulou nas redes sociais convocando as pessoas para o ato nomeado como “Carreata Pró-Bolsonaro”. A mesma peça publicitária trazia os dizeres: “fora inimigos da pátria - Doria, Maia, Alcolumbre e STF”.

No entanto, a pessoa indicada pelo caminhoneiro para dar entrevistas, antes do início da carreata, adotou um discurso diferente.

“Não tem nada a ver com Bolsonaro. É um ato pró cidadão brasileiro. Estão mexendo com a nossa democracia, estão impedindo o nosso direito de ir e vir”, declarou o corretor de imóveis Luiz Fernando Bernardo, de 62 anos.

“O direito de ficar em casa é válido, mas o direito de quem quer trabalhar também é válido. Isso é uma democracia, jamais um governador deveria tomar uma decisão dessa magnitude. Isso aqui é um país democrático. A simples coincidência de haver as mesmas ideias do nosso presidente Jair Bolsonaro é só uma coincidência mesmo. Nos afinamos com a ideia, mas não estamos defendendo político algum. É um ato apolítico”, disse uma outra pessoa, que também não se identificou.

Apesar de todos estarem com bandeiras do Brasil nos carros, conforme recomendava o cartaz do ato, todos foram unânimes em dizer que não havia um organizador da carreata.

“Nós queremos trabalhar, produzir. Eu, como autônomo, tenho que pagar aluguel, impostos, necessidades diárias. Queremos que as pessoas tomem todas as medidas de higiene, usem máscaras e luvas. Vamos nos precaver, mas não vamos parar de trabalhar”.

Apoio e panelaço
Durante todo o trajeto pelas avenidas da orla, os manifestantes receberam apoio de moradores dos prédios em frente à praia. Mesmo que discreto, alguns desceram para filmar e bater palmas. Na Ponta da Praia, o apoio ficou ainda mais forte.

Ao chegar à Praça Independência, no Gonzaga, os integrantes da carreata encontraram um cenário mais dividido. Enquanto buzinavam e gritavam palavras de ordem contra o governador de São Paulo, João Doria, moradores batiam panelas e gritavam contra o presidente Jair Bolsonaro.

Vale destacar que boa parte dos integrantes da carreata não estava protegendo os rostos com máscaras.
 


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