Câmaras da Baixada Santista tem pouca adesão de público em sessões

Oito dos nove legislativos da região transmitem sessões ao vivo, mas audiência é baixa, inclusive pessoalmente. Veja como participar

Por: Da Redação  -  24/05/19  -  01:10
Carlos Solano é um dos raros munícipes que frequentam as sessões da Câmara de Santos
Carlos Solano é um dos raros munícipes que frequentam as sessões da Câmara de Santos   Foto: Matheus Müller

Útil para dar transparência aos atos dos vereadores, a transmissão das sessões legislativas é feita em oito das nove câmaras municipais da Baixada Santista – a exceção é a de Bertioga. Esse recurso, porém, não tem sido suficiente para estimular a participação popular na vida pública.


Sucessivos escândalos políticos, desinteresse em acompanhar o trabalho de vereadores após as eleições e a falta de uma cultura de cobrança direta de seus representantes são explicações de especialistas para a ausência do eleitorado.


Dias e horários de sessões são apontados como outro obstáculo. Em Cubatão, Guarujá, Peruíbe e Praia Grande, ocorrem em horário comercial. Nas demais cidades, os encontros são realizados em dias de semana e após as 18 horas.


Cultura 


“O ideal era que houvesse uma maior participação popular nas câmaras e da vida pública. Com isso, teria mais transparência, mais pressão, com olho vivo nas ações dos vereadores”, afirma o cientista político Sérgio Motti Trombelli.


Ele também cita a falta de cultura do brasileiro de fiscalizar os eleitos. Outra questão é como acompanhar as sessões: apenas Santos, Guarujá e Cubatão têm trabalhos televisionados por TV a cabo (canal 9 da NET em cada município).


Nas demais, com exceção de Bertioga, a exibição é feita pela internet pelos canais oficiais de cada câmara. Contudo, a audiência é baixa. Em Santos, por exemplo, havia apenas 112 visualizações da última sessão ordinária – número inferior à capacidade de público nas galerias do Legislativo santista, com 116 cadeiras.


Trombelli considera fundamental que a população acompanhe os desdobramentos das “ações que o poder público toma com impactos” na sociedade, para cobrar melhorias. “Participação consciente e organizada. Não se constrói nada fazendo baderna.”


Apesar da baixa adesão, é comum encontrar rostos conhecidos nas galerias das câmaras locais. É o caso do pintor argentino Carlos José Alberto Solano, de 65 anos. Faz mais de 15 que ele frequenta a Câmara santista. “Não só venho (à Câmara), cobro os vereadores”, diz ele, que é natural de Ushuaia, mas reside em Santos desde 1984.


Solano conta que, quando chegou ao Brasil, buscou conversar e se enturmar sobre a política regional. Entre os lugares visitados, estão a Câmara Municipal e repartições públicas. “Sempre estavam com as portas abertas. Desde então, me acostumei a passar por aqui e pegar as listas de audiências públicas e das sessões.”


Morador do Campo Grande, Solano afirma sentir falta da população durante as atividades do Legislativo. “O povo deve participar e assistir aos debates e discussões”, aconselha.


Para ele, o desgaste da política brasileira e o formato dos encontros afastam a população dos debates municipais. “Um vereador atravessa a fala do outro. É muito confuso.” Entretanto, o acesso dos interessados à Casa é simples. “Basta deixar o número do documento na entrada (do prédio)”, orienta.


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