A cena tem se tornado frequente e coloca sob ameaça um rico acervo ambiental, cercado de mangues e vegetação nativa remanescente de Mata Atlântica que cisma em resistir. Resíduos da rede de esgoto são lançados diariamente no Rio Itapanhaú, ponto de divisa entre Santos e Bertioga, formando, assim, uma densa espuma branca de forte odor de esgoto.
A denúncia partiu de moradores e trabalhadores da vila industrial da Usina Hidrelétrica de Itatinga, em Bertioga, unidade que fornece eletricidade ao Porto de Santos. Segundo eles, a formação do poluente está concentrada no ponto de desemboque de efluente (resíduos de processos industriais e de rede de esgoto, que são descartados no meio ambiente) da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE Bertioga).
Vídeos e fotos obtidos por ATribuna.com.br chamam a atenção pela quantidade de material poluente lançado no rio. Segundo ambientalistas, o líquido tem potencial para alterar a qualidade nos corpos receptores e provocar poluição ao ecossistema daquele ponto. “Esse despejo é corriqueiro e tem forte cheiro de esgoto”, afirma um morador, sob condição de anonimato.
O local de descarte e o tratamento do material é de responsabilidade da Sabesp, empresa de economia mista (Estado e iniciativa privada), que atende pelo abastecimento e coleta de esgoto na Baixada Santista. Em nota, a companhia afirma realizar “sistematicamente o monitoramento de todas as etapas do tratamento de esgoto de suas estações, assim como também segue rigorosamente todas as exigências previstas por lei”.
Ainda conforme a empresa, o material lançado no rio é tratado e a ETE Bertioga possuiu “permissão de lançamento naquele ponto. O efluente lançado já passou pelo tratamento na ETE e pode retornar ao meio ambiente”, garante a Sabesp.
A empresa esclarece ainda que "o local recebe acompanhamento constante, inclusive com o acompanhamento da municipalidade, e os resultados das análises que indicam que o efluente que sai da estação após passar por tratamento está dentro de todos os parâmetros de monitoramento”.