Barbeiro oferece corte de cabelo gratuito para pessoas carentes na Baixada Santista

A cada dia, Severino dos Ramos vai a uma cidade para atender moradores de rua

Por: Da Redação  -  11/09/20  -  10:10
Atualizado em 11/09/20 - 10:16
Barbeiro oferece corte de cabelo gratuito para pessoas carentes na Baixada Santista
Barbeiro oferece corte de cabelo gratuito para pessoas carentes na Baixada Santista   Foto: Matheus Tagé/AT

Severino dos Ramos nasceu na Paraíba, mora em Vicente de Carvalho, mas é um cidadão metropolitano. Circula por todas as nove cidades da região, de Peruíbe a Bertioga, doando parte do seu dia com o ofício que aprendeu na vida: cortar cabelo.


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O barbeiro mora e trabalha em Vicente de Carvalho, onde mantém um pequeno salão com dois funcionários. Mas no período em que não está atendendo para ganhar dinheiro, está doando em trabalho social dentro e fora de sua cidade.


Semanalmente, ele escolhe um município da região, monta seu salão ao ar livre e em pouco tempo forma-se uma fila de pessoas carentes em busca de melhorar o visual.


Quinta-feira (10) o trabalho começou às 9 da manhã e continuaria por boa parte da tarde, em frente à estação das catraias que fazem a travessia Santos-Vicente de Carvalho, no bairro Vila Nova.


Amor Próprio


Os apetrechos de Severino vêm todos em uma mochila: tesoura, capa para envolver o cliente, escovas, pentes, espelho e até a máquina para raspar o cabelo e fazer os acabamentos.


A banqueta é improvisada na calçada, mas o resultado final não fica comprometido em nada. “Olha, quem tem amor próprio tem amor pelo próximo, encontra tempo na correria do dia para ajudar o outro”.
E é essa doação que esse paraibano que veio para Baixada aos 5 anos de idade se dedica a fazer há 17 anos. “Trabalho social todo mundo pode fazer. Basta querer, ter vontade. Não há nada impossível”, diz.


A pandemia, diz, fez crescer o número de pessoas que buscam seu serviço gratuito. “Eu tenho a impressão de que multiplicou a quantidade de moradores de rua em algumas cidades”, fala, citando Santos, Guarujá e São Vicente como as mais críticas nessa área. Nesses três municípios, o trabalho voluntário não se dá apenas em um período do dia, mas o dia inteiro, para dar conta de atender a todos.


Na fila há todo perfil de clientela: homens, mulheres, jovens, adolescentes, mas todos sem condição de pagar para ir a um salão. Alguns até pedem cortes mais diferenciados, espelhando-se em alguma tendência do momento.


Pedido à Prefeitura


Acostumado a atender todos os tipos de pessoas em locais improvisados e transformados em salões ao ar livre, Severino dos Ramos faz um pedido à Prefeitura de Santos: que instale uma tomada próxima à estação das barcas, para que ele possa recarregar a máquina de corte.


“Eu uso muito, o dia inteiro, e tenho que ficar pedindo emprestado para os restaurantes e bares ao redor. Uma tomada resolveria muita coisa”. E ele não precisaria mais carregar a extensão de 15 metros que pesa na mochila.


Severino tem 51 anos, dois filhos, de 30 e 24 anos, e quatro netos.


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