Baixada se destaca em ranking de violência no estado; Itanhaém lidera

Entre as cidades paulistas com maior risco de a população ser vítima de homicídio, latrocínio ou estupro, Itanhaém lidera o ranking, deixando para trás outros 138 municípios com população superior a 50 mil habitantes. É o que aponta o Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV), do Instituto Sou da Paz, referente ao ano passado.

Entre as 20 localidades com índices mais altos, há outras três da Baixada Santista: Mongaguá (em 4º lugar), Peruíbe (11º) e Bertioga (15º).

Na outra ponta, também considerando os municípios da região, Santos é a mais segura, em 104º lugar. Título que, entre as 139 cidades avaliadas, é de Vinhedo, no Interior.

O IECV tem como base dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública do Estado e leva em consideração crimes com morte, estupros e roubos. Homicídios e latrocínios têm peso maior.

“No caso de Itanhaém, por exemplo, a taxa de homicídios é de 22,9 por 100 mil habitantes, quatro vezes maior do que a do estado”, pondera Ana Carolina Pekny, coordenadora de Projetos do Instituto Sou da Paz.

O IECV de crimes letais (homicídios e latrocínios) do estado foi de 17, enquanto o de Itanhaém foi de 50,5. O índice de dignidade sexual (estupros) no estado chegou a 34,1, mas o de Itanhaém bateu 77,9. Quanto ao patrimônio (roubo de veículo, de carga e de outros tipos), o IECV do estado foi de 6,6, e o de Itanhaém, 16,2.

Iluminar

Ana Carolina explica que o objetivo do estudo não é apontar falhas do Poder Público, mas jogar luz sobre questões, ajudando municípios e estado a encontrarem caminhos.

Para ela, o levantamento é importante para entender que segurança passa pela atividade das polícias e das guardas. A coordenadora lembra que Vinhedo destacou o trabalho com sua Guarda Municipal. Mas o tema que envolve questões socioeconômicas.

A representante do Sou da Paz cita, por exemplo, que tanto Vinhedo quanto Santos – as mais seguras no estado e na região, respectivamente – registram Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) alto.

“As pessoas tendem a achar que segurança pública se resolve apenas com repressão policial. Mas a criminalidade incide, principalmente, em áreas mais pobres e vulneráveis”, analisa Ana Carolina considerando que a Educação é outro tema que tem relação próxima com a questão da segurança.

Prefeituras

As quatro cidades da região consideradas mais violentas foram procuradas:

Mongaguá

Em nota, a prefeitura afirmou que, com base nos dados, a administração busca planejar rotineiramente ações e soluções, como a eliminação de pontos cegos de iluminação e a duplicação de luminárias ou a ampliação da capacidade das lâmpadas já existentes, bem como a poda das árvores e a expansão gradativa do sistema de monitoramento por câmeras. Em outra frente, a Guarda Civil Municipal (GCM) tem recebido reforço de material humano, veículos e outros recursos. A prefeitura cita, ainda, o trabalho preventivo nas escolas, com discussões sobre segurança e promoção da paz.

Bertioga

A cidade de Bertioga declarou que vem investindo fortemente no vídeo monitoramento: trabalha com cerca de 200 câmeras na cidade e pretende ampliar o sistema neste ano. Cita, ainda, convênio com o estado, para garantir policiais militares atuando em seus horários de folga voltados para atividades de fiscalização municipal. A administração salienta a introdução da Operação Cidade É Nossa com ações multidisciplinares, com envolvimento em segurança, cidadania, desenvolvimento social, meio ambiente, fiscalização de moradores de rua, flanelinhas e vendedores ambulantes, com objetivo de promover a ordem e a cidadania.

Peruíbe

A prefeitura afirma que tem trabalhado em medidas com impacto direto na melhoria da segurança. Uma delas é o aumento das rondas pela cidade. Também cita o Programa Peruíbe Mais Segura, pelo qual se instalaram 300 câmeras de monitoramento em vários pontos da cidade.

Itanhaém

Em nota para A Tribuna On-Line, a prefeitura respondeu que questiona a metodologia e os critérios adotados no relatório, pois os dados não consideram o crescimento populacional do período da alta temporada, quando chega a quadruplicar o número de habitantes. O Instituto Sou da Paz, porém, informa que as médias trimestrais foram praticamente as mesmas.

Instituto, porém, salienta queda na criminalidade

Ana Carolina Pekny, coordenadora de Projetos do Sou da Paz, salienta que o IECV geral revela a tendência de queda nos crimes violentos, nas últimas duas décadas, no estado. Assim tem sido destacado pela Secretaria de Segurança Pública na divulgação dos seus números, que servem de base para o levantamento do instituto.

“É importante colocarmos esse lado positivo, de queda dos crimes violentos. Uma queda consistente nos últimos 20 anos”, diz Ana Carolina. O IECV geral do estado era de 21, em 2014, e chegou a 18,7, no ano passado.

“Não existe um fator, mas são vários a serem analisados. Temos que pensar, por exemplo, que, no início dos anos 2000, São Paulo não tinha uma delegacia especializada em homicídios. Estudos e pesquisas mostram que o Estatuto do Desarmamento também teve influência. Além disso, o investimento na polícia também aumentou”, avalia a coordenadora.

Estupros: Alerta

O alerta fica por contados estupros, que vêm crescendo em todo o estado. Para Carolina, é preciso avaliar os dados e investir cada vez mais em educação e estrutura de atendimento às vítimas.