Baixada Santista vira foco na rota turística do 'novo normal'
Com turismo interno em alta, região entra na rota e na concorrência para atrair o maior número de visitantes
Já dizia o escritor norte-americano Henry Miller que "o destino não é só um lugar, mas uma nova forma de ver as coisas". Esse tem sido um dos aprendizados para o setor do turismo em um 2020 cheio de restrições e transformações. Num segmento em que deslocamentos e a aglomeração são a essência da atividade, a pandemia impõe desafios.
O isolamento social interrompeu sonhos e transformou os roteiros planejados em cartas de crédito para uso futuro. E se depender do turista brasileiro, 2021 deve ser marcado pela valorização dos roteiros nacionais, segundo aponta a pesquisa O Novo Viajante, realizada pela Interamerican Network e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O estudo cita que 51% dos entrevistados brasileiros querem viajar pelo País, enquanto outros 23% iriam para a Europa e 9,33% para destinos da América do Sul. A maioria, 35%, prefere ir para a praia e as viagens em família também aparecem em alta, com 44% das escolhas.
A tendência é confirmada pelas projeções de Eduardo Silveira, presidente da Associação dos Profissionais de Turismo da Baixada Santista (APT). Ele sentiu a movimentação no turismo regional e nacional crescer a partir de julho, sob influência da flexibilização parcial em algumas regiões e da definição de protocolos ainda mais rigorosos na hotelaria.
"Viajar deixou de ser algo supérfluo e passou a ser uma questão de sanidade. E os viajantes passaram também a buscar destinos com valor afetivo, como a cidade em que passavam férias na infância".
A APT fez uma série de lives, campanhas e ações para discutir o que Silveira chama de novo turismo, a fim de preparar os profissionais do segmento para esse novo momento. "Estamos prontos para ajudar o turista a explorar mais os destinos nacionais e, quando for possível, embarcar para roteiros internacionais".
Novos hábitos
Esse olhar para o outro também deve pautar as escolhas no turismo em 2021, espera Inês Bellini, diretora da Mendes Tur Câmbio e Turismo, em Santos. Ela acredita que o novo turista terá mais empatia e respeito, levando os cuidados com a Covid-19 como hábitos da vida.
"Vai mudar muita coisa no turismo. A preocupação vai se manter, então, esse cuidado será uma rotina. E não só aqui, é uma mudança de comportamento no mundo".
Demanda reprimida
Para Rosana Ikedo, sócia-proprietária da GL Viagens e Turismo, o cenário deve melhorar no primeiro semestre, mas ainda exigirá uma postura de cautela. "Eu não jogo a toalha e acredito que o turismo vai se levantar. Quando pudermos viajar para outros países, as companhias vão contratar mais comissários para os voos, vai ter mais gente trabalhando nos aeroportos, nos transportes dos turistas e em toda a cadeia do setor", pondera.
Cautela e esperança. Assim deve ser o próximo ano para o turismo, na análise de Vitor de Souza, proprietário da Vasco da Gama Turismo. O segundo semestre deve ser marcado pelo início da recuperação do setor. "Terá um impacto psicológico nas pessoas. Já estamos vendo uma maior procura pelos destinos nacionais, como resorts no Nordeste e Rio Grande do Sul, mas os turistas vão com receio. Esse sentimento constante afeta muito o turismo".
Por outro lado, ele é enfático ao dizer que passou da hora de o poder público olhar para o segmento como uma importante cadeia produtiva e geradora de receita. "Tem muito cliente com carta de crédito, esperando para poder viajar. Tem navio parado aqui no porto esperando pra voltar a operar. Enquanto o mercado não abrir como um todo, eu não tenho opções de destino para vender".
Vacina poderá alavancar setor e resolver “desejo reprimido”
Um desejo reprimido de viajar que pode ser realizado a partir da vacina. É no que se baseia a esperança do Visite Santos - Santos Convention & Visitors Bureau, que aguarda com boas expectativas a imunização da população para que o turismo possa, enfim, viver uma retomada. Nem que seja somente no segundo semestre.
De acordo com a assessoria de imprensa da entidade, a partir da vacina os eventos que foram adiados, os pacotes que já estavam pagos e a confiança em estar reunido novamente em um ambiente com várias pessoas devem fazer o turismo respirar e vislumbrar um segundo semestre de alta em 2021.
Para o órgão, Santos estará na vitrine do turismo nacional e a rede hoteleira está pronta desde a reabertura dos novos empreendimentos, atendendo dentro de normas rígidas impostas pelas marcas internacionais e nacionais que administram os hotéis, sendo inclusive considerados ambientes seguros pelos administrações municipais e estaduais. A entrega Santos Convention Center, o novo centro de convenções da cidade, administrado pela GL Events, é outra aposta para que o turismo seja alavancado. Segundo o órgão, há uma convicção de que Santos estará em destaque no cenário do turismo nacional pelos próximos anos também por gastronomia, opções culturais e de lazer e a qualidade de vida.
