Baixada Santista supera Estado em alta de casos e mortes por coronavírus

Em 30 dias, região teve aumento de 550% nos casos e de 458% nas mortes; No Estado, índices foram de 379% e 408%

Por: Maurício Martins  -  25/05/20  -  15:25
Mesmo com medidas de restrição, praia de São Vicente permanece movimentada
Mesmo com medidas de restrição, praia de São Vicente permanece movimentada   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Os casos confirmados de coronavírus aumentaram 550,4% na Baixada Santista em 30 dias. Em 21 de abril, a região tinha 754 infectados, número que subiu para 4.904 em 21 de maio. No mesmo período, o total de mortes cresceu 458.5%, de 53 para 296. Os índices são maiores do que os registrados em nível estadual: 379,3% de confirmações (de 15.385 para 73.739) e 408,5% de óbitos (1.093 para 5.558).  


Professor titular de Infectologia da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), o médico Roberto Focaccia acredita que o grande aumento de casos na região decorre da proximidade com a Capital, epicentro da epidemia que agora começa a se disseminar ao Interior e Litoral.  “O fácil acesso por rodovia e o número de turistas circulando pela região contribui para isso”, diz ele.  


Para o infectologista Evaldo Stanislau, não possível apontar uma única causa para a região superar o Estado em número de casos e mortes. Porém, ele destaca uma situação positiva que deve influenciar os números: o melhor diagnóstico regional. 


“Por mais que seja uma área que perdeu adesão ao distanciamento social, que tem bolsões de pobreza que favorecem a transmissão, tem o fato de termos um bom sistema de vigilância e de ter investido em diagnóstico”, explica.  


Stanislau afirma que os números não surpreendem. “Todo os indicadores apontavam para uma pandemia de grande impacto no Brasil. Isso é potencializado pela falta de uma ação ordenada  do Governo Federal”. 


A quantidade de casos no Brasil, porém, subiu de forma mais acelerada do que a Baixada e o Estado no mesmo intervalo. As confirmações cresceram 619,8% (43.079 para 310.087) e as mortes 631,3% (2.741 para 20.047). 


E quando analisadas as semanas epidemiológicas na região é possível perceber que o ritmo de aceleração diminuiu este mês. Da semana de 29 de março a 4 de abril até a de 12 a 18 de abril, o número de infectados cresceu 362% (129 para 596). De mortes, 471,2% (7 para 40). Já na semana de 26 de abril a 2 de maio para a de 10 a 16 de maio, o total de casos aumentou 111,7% (1.744 para 3.693) e de mortes 90,4% (125 para 238). 


Perspectivas 


Para o infectologista Leonardo Weissmann, não se pode afirmar com exatidão quando haverá redução dos casos na região. “Por isso, é tão importante mantermos o distanciamento físico, já que ainda não temos medicamento, nem vacina comprovadamente eficaz e segura para tratar ou prevenir contra a covid-19" .  


Focaccia concorda, diz que ainda não atingimos o pico, nem um platô de casos. “Só com um distanciamento social radical, com perdas econômicas, mas temporárias, poderemos alcançar sucesso rápido. Para isso, é preciso a colaboração da população e coragem política”. 


Stanislau acredita que o pior ainda vai acontecer e é difícil saber quando os casos vão diminuir, porque a curva está em nítido crescimento. “Ainda não adotamos medidas extremas, como lockdown (bloqueio total). Me parece que teremos que passar por isso”.  


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