Baixada Santista registra fechamento de 15 mil vagas de emprego no 1º semestre

Com pandemia, é o saldo negativo de vagas formais na região. Economistas projetam cenário até fim do ano

Por: Rafael Motta  -  30/07/20  -  21:25
Analista sugere que o Governo estenda medidas como redução proporcional de jornada e salário
Analista sugere que o Governo estenda medidas como redução proporcional de jornada e salário   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A primeira metade deste ano afetado pela pandemia de coronavírus foi marcada pelo fechamento de 15.427 empregos formais na Baixada Santista. Apenas em junho, encerraram-se 1.358 postos com carteira de trabalho assinada. O resultado foi pior que o de maio, com -1.199 – ao contrário do nacional, com menos cortes no mês passado.


Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. O saldo de vagas, que é a diferença entre contratações e dispensas, foi quase nove vezes pior entre janeiro e junho últimos do que no mesmo periodo do ano passado (-1.750 empregos). O Caged não mostra o saldo de empregos por ramo de atividade econômica em nível municipal. 


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O efeito do estímulo gradual à retomada das atividades produtivas, com medidas como a flexibilização da quarentena no Estado, gera dúvidas em economistas. Para Fernando Wagner Chagas, há “tendência considerável” de que o desemprego aumente até o final do ano, “principalmente se o Governo Federal não criar formas de manutenção de postos de trabalho”.


A análise se assemelha à do secretário nacional de Política Econômica, Adolfo Sachsida. Em entrevista publicada na segunda-feira pelo jornal Folha de S.Paulo, ele calculou que, “em setembro, os índices de desemprego vão dar um repique grande” e, nesse cenário, julgou prioritária a reformulação de programas sociais.


O economista e professor universitário Jorge Manuel de Souza Ferreira entende, porém, que, “pela lógica, deveria haver no segundo semestre um crescimento na empregabilidade, haja vista a reabertura de vários estabelecimentos. No entanto, não sabemos quantos empregadores vão conseguir manter suas empresas no pós-abertura”.


Ferreira usa como exemplo as lojas de shopping centers, atualmente com horários de funcionamento limitados e cuja frequência é prejudicada pelo temor que clientes têm em contrair Covid-19. “Em razão disso, acredito que possa haver ainda um saldo negativo (até o fim do ano), mas bem menor, com tendência a um equilíbrio.”


Chagas considera necessário estender a possibilidade de redução de jornada de trabalho e salários nos empregos formais, mediante compensação parcial paga pelo Governo aos empregados. Essas medidas são previstas na Lei 14.020, que se originou da Medida Provisória (MP) 936, e podem ter validade de até 120 dias por contrato.


No País


No Brasil, conforme o Caged, fecharam-se 10.984 empregos formais em junho, ante 350.303 em maio. Com isso, o semestre terminou com saldo negativo de quase 1,2 milhão de empregos (1.198.363), o pior para o período desde o início da série estatística, em 2002.


Em nível estadual, o saldo de vagas ficou em -13.299 postos em junho e -367.661 no semestre.


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