Baixada Santista perde espaço na economia do país

Participação da região no PIB encolhe ao longo dos anos, também no estado

Por: Rafael Motta & Da Redação &  -  18/12/19  -  22:24
Aumento real do salário mínimo pouco será sentido no comércio da região
Aumento real do salário mínimo pouco será sentido no comércio da região   Foto: Arquivo/AT

A Baixada Santista está participando menos do crescimento econômico do estado e do país. A cota regional no Produto Interno Bruto (PIB), que mede a produção de bens e serviços, caiu de 2016 para 2017, indicam os cálculos mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cubatão puxou o resultado local para baixo.


Entre um ano e outro, a região passou de 2,91% para 2,90% do PIB paulista e de 0,95% para 0,92% do total nacional. Em 2002, por exemplo, eram 3,30% em relação a São Paulo e 1,16% no Brasil.


O principal motivo é o enfraquecimento do Polo Industrial cubatense. Primeiro, veio a concorrência da exploração de petróleo no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e no Nordeste. Em 2012, após uma década, caiu de 1,03% para 0,38% da atividade econômica brasileira. Agora, sofre com o poder da indústria chinesa.


Cubatão não voltou ao nível anterior. Fechou 2017 representando 0,58% do PIB nacional, abaixo do 0,65% registrado no ano anterior. Santos, portuária, também decaiu: de 1,22% em 2002 para 1,06% em 2017, mas tem estabilidade.


Em parte, o crescimento das demais cidades da Baixada — à exceção de São Vicente, estagnada — tem sido consequência do aumento da população em Praia Grande e nos extremos Sul (até Peruíbe) e Norte (Bertioga), que demanda mais produtos e serviços.


Outro problema é histórico: segundo o cientista político Alcindo Gonçalves, coordenador do Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT) e estudioso da evolução econômica da região desde o período colonial, a Baixada sempre foi dependente de fatores externos para se desenvolver.


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Gonçalves exemplifica: para exportar café por Santos, abriram-se ferrovias e se ampliou o Porto; para atender demandas nacionais por combustíveis e metais, surgiram as indústrias; com ciclo do gás e do petróleo dopré-sal, construíram-se estruturas públicas e privadas.


Depois que todos esses períodos influenciados de fora para dentro passaram, a região não encontrou opções próprias consistentes para manter força econômica e gerar empregos. É por isso, diz Gonçalves, que a lenta retomada da economia nacional ainda não se traduz em resultados na Baixada — que sofre primeiro os efeitos da crise e demora mais para sair deles.


União e projetos


Alcindo Gonçalves destaca iniciativas como o Inova Baixada Santista, uma instituição da sociedade civil sem fins partidários e que busca desenvolvimento a abertura de empregos com qualidade de vida.


O cientista também vê com otimismo o futuro Conselho de Desenvolvimento Econômico de Santos, a ser constituído por entidades da sociedade civil organizada e que, como em Maringá (PR), deverá dispor de um corpo técnico para estudos e planejamento.


Para Rodolfo Amaral, especialista em Finanças Públicas e diretor da Data Center Brasil, concretizar três projetos elevaria o PIB regional: o Complexo Empresarial Andaraguá, a ampliação do retroporto em Guarujá e a expansão da Riviera de São Lourenço.


OAndaraguá, em Praia Grande, reuniria um aeroporto de cargas e um condomínio industrial numa área de 5 milhões de metros quadrados. E a terceira fase da Riviera, em Bertioga, representaria investimentos de R$ 15 bilhões, de acordo com Amaral.


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