Baixada Santista avança em aspectos sociais e econômicos, mas segue desigual

Índices locais estão abaixo da média paulista

Por: Rafael Motta & Da Redação &  -  29/12/19  -  19:40
Operação faz parte do Programa Invasão Zero, e impediu ocupação no Bolsão 7
Operação faz parte do Programa Invasão Zero, e impediu ocupação no Bolsão 7   Foto: Arquivo/Rogério Soares/AT

Em dois anos, a Baixada Santista avançou além da média estadual em aspectos sociais e econômicos, mas não o suficiente para deixar as últimas posições que ocupa historicamente nesses quesitos. Também continua a ser uma região desigual para seus moradores e com três das nove cidades em situação vulnerável.


Assim mostram os dados da versão mais recente do Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), elaborado com dados de 2017 e 2018 pela Fundação Seade, do Governo do Estado. Os números foram apresentados neste mês, com a divisão dos municípios em cinco grupos — o que depende dos resultados obtidos em riqueza, longevidade e escolaridade.


Neste último item, a Baixada, que em 2016 foi a pior das 16 regiões administrativas (RAs) paulistas, subiu para o 14º lugar ao superar as de São Paulo e Registro: numa escala de até 100 pontos, alcançou 50. Porém, a média do estado foi 53, e a RA de São José do Rio Preto, campeã nesse indicador, atingiu 63.


Em longevidade, a região superou a de Registro por um ponto (67 a 66, numa escala até 100) e divide a penúltima posição com a RA de Itapeva. No estado, a média de 2018 foi 72 e, novamente, a de São José do Rio Preto foi a mais alta, com 76.


A Baixada manteve a segunda colocação geral em termos de riqueza, com 46 pontos — puxada por Bertioga (56, a quarta maior do estado), Cubatão e Santos (51 cada) — e abaixo apenas da região de São Paulo (47). A média estadual foi igual à de 2016: 44. Como RA mais pobre, Registro (31).


Os resultados em cada quesito põem a Baixada no IPRS como região desigual, por ter alto nível de riqueza e baixos patamares de longevidade e escolaridade. Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém e Praia Grande estão nessa classificação.


Com os melhores indicadores médios da região, Santos consta como cidade dinâmica: riqueza e longevidade altas e nível médio de escolaridade. No grupo das cidades vulneráveis, com níveis baixos nos três critérios, estão Mongaguá, Peruíbe e São Vicente.


Novos parâmetros


A melhora geral dos indicadores de escolaridade levou a Fundação Seade a rever parâmetros de classificação no IPRS. Em 2014, era considerado baixo um nível de até 42 pontos; em 2016, subiu para 49; em 2018, a 52.


Para comparação, os 50 pontos obtidos pela Baixada no ano passado a encaixariam em nível médio de escolaridade em 2014 e 2016. Agora, o resultado é tido como baixo. De 2014 para 2018, o índice médio básico passou de 43 para 53 pontos, e o alto, de 51 para 61.


A longevidade, que avalia mortalidades infantil, perinatal (fetos e bebês até seis dias), dos 15 aos 39 anos e de 60 a 69, cresceu. Mesmo subindo quatro pontos entre 2014 e 2018 (de 63 para 67), ficou aquém do resultado estadual (72 em 2018) e continua baixa na região.


O único critério para o qual se reduziu o nível de exigência foi o de riqueza, devido, por exemplo, à redução de salários, consumo de energia elétrica e de produção de bens e serviços. De 2014 para 2018, o estado caiu de 46 para 44 pontos. A Baixada, de 47 para 46.


São Vicente: a maior entre as vulneráveis


São Vicente é a maior das 61 cidades vulneráveis do estado, com 366 mil habitantes estimados neste ano. Alcançou baixos índices de riqueza (36), longevidade (65) e escolaridade (46), de acordo com o IPRS referente a 2018.


Por exemplo, quando se somam os rendimentos do trabalho formal e de aposentadorias e se divide o total pela população com idade a partir de 15 anos, o resultado é de R$ 625,81.


Atenção: como esse valor considera toda a população nessa faixa etária, ainda que não possua renda, não significa média salarial. Em 2017, segundo o IBGE, considerados apenas os trabalhadores com carteira assinada, a média era de 2,6 salários mínimos (R$ 2.594,80 atualizados).


São Vicente também detém o menor Produto Interno Bruto (PIB) por pessoa (R$ 15,6 mil).


Em termos de escolaridade, outra cidade local vulnerável, Peruíbe, se destaca pela menor média regional de alunos da rede pública com níveis adequados em Português e Matemática no 9º ano do Ensino Fundamental: 24,03%.


Mongaguá, também vulnerável, tem o pior resultado local em um quesito que conta pontos para longevidade. A mortalidade infantil foi de 17,18 por mil nascidos vivos. Porém, a Baixada é última colocada nesse indicador, com 14,18 de média — a estadual é 10,79 e, na região, só Itanhaém ficou abaixo (10,12).


Dinheiro não é tudo


Esses indicadores demonstram que a Baixada, apesar de só perder para a região de São Paulo em riqueza, é desigual.


A RA mais pobre do estado, Itapeva (32 pontos em riqueza), pode ser classificada como região em transição: baixas riqueza e longevidade (67), mas escolaridade média (56). Se subisse dois pontos em longevidade, este item passaria para médio, e Itapeva seria equitativa.


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