Avanço do coronavírus mostra contraste entre cidades da Baixada Santista

Em 30 dias, Cubatão aumentou em 2.300% o número de mortes; em Praia Grande, alta foi de 213%

Por: Maurício Martins  -  25/05/20  -  19:37
Hospital de Cubatão: Cidade tem o maior aumento de mortes na Baixada Santista
Hospital de Cubatão: Cidade tem o maior aumento de mortes na Baixada Santista   Foto: Arquivo/AT

O aumento de casos e mortes por coronavírus assume proporções muito diferentes em cada uma das nove cidades da Baixada Santista no período analisado. Em quantidade de infectados, São Vicente foi a que mais aumentou percentualmente nesse período: 1.345,4% - de 33 para 477. Santos teve o menor índice, 226,5%, embora em números absolutos seja a que tem mais positivos, passando de 636 para 2.077. 


>> Veja o quadro comparativo da escalada de casos da Covid-19 na Baixada Santista, SP e Brasil


Já em mortes, a pior foi Cubatão (2.300%, de 1 para 24). Guarujá também registrou grande aumento de pessoas mortas (1.600%, de 3 para 51). Praia Grande tece crescimento de 213,3%, de 15 para 47. Novamente, em números totais, Santos foi onde mais moradores morreram (26 para 104), mas em porcentagem, a alta foi de 300%.  


Para o infectologista Leonardo Weissmann, a alta em São Vicente se deve à flexibilização das medidas de contenção e à falta de respeito da população em relação às formas de prevenção contra a infecção. “Não é raro encontrarmos pessoas na faixa de areia nas praias de São Vicente, desrespeitando as recomendações”.  


Sobre as mortes em Cubatão, o infectologista Evaldo Stanislau afirma que os pacientes da Cidade costumam chegar ao hospital já com a doença avançada, em estado grave. “Cubatão e Guarujá têm pacientes muito expostos a doenças crônicas e quando são desafiados por uma doença nova e aguda, como a covid-19, isso contribui para o pior desfecho”.  


A região supera o Estado em alta de casos e mortes por coronavírus. Em 30 dias, Baixada Santista teve aumento e 550% nos casos e de 458% nas mortes; No Estado, índices foram de 379% e 408%, conforme mostrou A Tribuna.  


Prefeituras Justificam 


Cubatão disse que teve a maior alta de mortes na região porque o número inicial foi 1. “Isso é a causa desse percentual em 21 de maio, mesmo com a cidade registrando 24 óbitos em números absolutos. Além disso, as cidades têm dinâmicas próprias, sendo assim mais efetivo compará-las por semana epidemiológica, e não por um período de tempo arbitrário”. A Prefeitura não respondeu o que será feito para diminuir as mortes.  


A Prefeitura de São Vicente afirma que o aumento rápido de casos no período citado tem como um dos fatores a contabilização dos resultados dos exames que estavam represados no Instituto Adolfo Lutz (Capital) desde março, e que foram liberados a partir da metade de abril, “aumentando consideravelmente a estatística da doença no Município”.  


“Outro fator a ser considerado é a curva epidemiológica da doença, que foi acentuada no mês de maio, conforme previsão dos especialistas para o período, o que, inclusive, foi determinante para a prorrogação da quarentena no Estado”, diz a Prefeitura. 


São Vicente garante que adotou todas as medidas necessárias para conter o avanço da doença na Cidade, como a proibição do acesso à areia das praias, restrição do comércio e obrigatoriedade do uso de máscaras. “Toda região de orla é fiscalizada”, diz.  


Guarujá não respondeu o motivo pelo qual registrou aumento expressivo de mortes. Disse apenas, em relação ao número maior de casos confirmados, que o Município ampliou a testagem. Para diminuir os índices, cita bloqueios nos acessos, conscientização da população e afirma que todos os pacientes estão sendo atendidos. 


O secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, lembra que a Cidade ampliou a quantidade de testes e que a população fez uma significativa adesão à quarentena. Para ele, é necessário que as cidades trabalhem em conjunto.  


“No começo da pandemia, a região estava bem alinhada. Mas percebemos um desalinhamento, nas últimas semanas, de algumas cidades. Temos que pensar de forma igual, gostaríamos que houvesse compreensão”, diz Ferraz.  


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