O presidente Jair Bolsonaro sancionou, nesta semana, lei que inclui no Censo 2020 levantamento sobre o autismo. A medida é comemorada por ativistas da área pois permite que se tenha dados oficiais sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“A inclusão deve mostrar uma demanda até então invisível aos olhos de muitos, principalmente dos nossos governantes. E isso vai abrir caminho às tão necessárias políticas públicas, por que elas são baseadas em dados oficiais”, avalia a presidente do Grupo Acolhe Autismo Santos, Ana Lúcia Félix, que há cinco ano atua para levar informação a pais.
Para Ana Paula Chacur, mãe de duas crianças com TEA, que fundou uma entidade para ampliar o conhecimento de pais e debater sobre o assunto, a medida é importante, mas paradoxal.
“Precisamos dos números, mas temos déficit de diagnóstico. Existem muitas crianças diagnosticadas tardiamente. Isso também precisa ser avaliado”.
Ana Lúcia acredita que a identificação do autismo precocemente possa melhorar com o Censo, que deve mapear, por exemplo, onde há menos pessoas com diagnóstico fechado de TEA. Com isso, a Saúde poderá intensificar a intervenção para a busca de diagnósticos precoces nessas localidades.
“São dados fundamentais para esboçar políticas públicas coesas e coerentes. Não há como projetar um atendimento de Saúde e Educação se não se sabe a demanda que tem que atender. Esse é um passo mínimo e básico”, conclui Ana Lúcia.