Alta do combustível afeta trabalhadores em toda a Baixada Santista: 'Inviável trabalhar'

O quarto aumento da gasolina em 2021 foi considerado um duro golpe a quem trabalha com transporte

Por: Rosana Rife  -  25/02/21  -  09:26
Há postos da região em que o litro da gasolina ultrapassa a barreira dos R$ 5,00
Há postos da região em que o litro da gasolina ultrapassa a barreira dos R$ 5,00   Foto: Carlos Nogueira/AT

Quem depende do carro ou da moto para garantir o pão de cada dia enfrenta dificuldades para manter o tanque cheio após os aumentos sucessivos dos combustíveis. Na semana passada, a gasolina subiu pela quarta vez em 2021. Há postos da região em que o litro do produto bate recorde, ultrapassando a barreira dos R$ 5,00. E nem adianta fugir para o etanol, pois o produto também acompanha a escalada de preços.


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Nas ruas da Baixada Santista, o que mais se ouve são queixas. O taxista Genaldo Vieira de Goes, de 73 anos, trabalha para completar a renda da aposentadoria e vê as finanças minguarem com esse custo a mais. Para driblar a situação, opta por encher o tanque em postos sem bandeira, onde o combustível costuma ser mais em conta. “Preciso economizar. Além do combustível, também damos 20% de desconto na corrida. Se não conseguir reduzir custos, fica inviável trabalhar”.


Há quatro anos e meio atuando como motorista de aplicativo, Carlos Eduardo Nottolini, 59 anos, diz que o sinal já está vermelho no seu orçamento. “Hoje, 50% da minha receita vai para o combustível. Na minha planilha, quando chega aos 35%, é sinal de alerta. Agora, passou de todos os limites”.


Ele explica que a situação já era complicada por conta da pandemia. Ano passado, no auge do surto, ele ficou quatro meses sem trabalhar e precisou devolver o carro financiado ao banco. “Trabalho com carro alugado devido às incertezas. Além disso, vem essa onda de aumento dos combustíveis, nossa matéria-prima. Dificulta muito”.
Para equilibrar as contas, Nottolini tem trabalhado mais. “Fazia 8 horas por dias, agora são 12 horas”.


Jornada ampliada


Marcos Vinicius Pitta, 37 anos, também atua como motorista de aplicativo e conta que precisou ampliar a jornada para compensar a alta. “Tenho feito 12 horas por dia. A gente tem ainda gastos com seguro, manutenção do carro e corrida mínima. A mais comum que a gente pega é de R$ 4,50. Não cubro meus custos se não trabalhar a mais”.


Tentar reajustar a tabela de entrega para a clientela seria uma saída para tentar reduzir o impacto da alta dos combustíveis, diz Jurandir Passos Santos, 49 anos. Ele trabalha como motoboy e coordena um grupo de entregadores. “Mas isso fica difícil por conta da concorrência. Não há como mexer na tabela e perder clientes. O último aumento tem impacto e significará perdas de 40%”.


Cenário preocupante


O dono de posto de combustível Ricardo Lopez informa que a situação está complicada para todos. Os aumentos chegam a ser até semanais e a alteração na tabela tem sido muito influenciada pelo preço internacional do barril do petróleo.


“Não posso repassar porque perco cliente, mas não tenho como segurar o preço por conta dos custos. É uma situação difícil. O inverno nos Estados Unidos e Europa, que foi muito rigoroso, está melhorando e isso provavelmente pode representar uma queda no preço do barril”.


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