Agentes penitenciários da Baixada Santista pedem prioridade na vacinação: 'Perdemos companheiros'

Uma resolução recomendando a inclusão dos profissionais no grupo prioritário na imunização contra a Covid-19 foi publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (9)

Por: Ágata Luz  -  11/02/21  -  09:44
  Foto: Arquivo/Agência Brasil

Apesar do "trabalho invisível", os policiais penais - também conhecidos como agentes penitenciários - formam uma categoria que também atua na linha de frente da pandemia da Covid-19. Afinal, não há como o trabalho ser feito de forma remota e os profissionais chegaram a ter as férias adiadas (após agentes do grupo de risco serem afastados) com a chegada da doença no país. Mas, diante da vacina, os funcionários não estão entre o grupo prioritário para a imunização.


Nesta terça-feira (9), portanto, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária publicou no Diário Oficial da União uma resolução recomendando a prioridade da vacinação para policiais penais e pessoas privadas de liberdade. "A expectativa é de amenizar o problema. Seria um alívio por diminuir o risco dos presos, de quem atua no sistema prisional e dos nossos familiares", ressalta um agente penitenciário de uma das unidades prisionais da Baixada Santista que prefere não se identificar.


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"A movimentação lá é grande. Por mais que a gente esteja 'isolado', estamos saindo e entrando todos os dias. Além disso, há muitas pessoas que são presas em um dia e soltas no outro. A vacina é uma esperança", completou o profissional que atua na região.


Segundo ele, o sistema prisional sempre esteve entre os grupos prioritários. "Em nosso meio, existe a aglomeração, por isso estranhamos não sermos prioridade desta vez, porque fomos em todas as outras vacinas, como a da gripe, por exemplo". Além disso, o agente explica que a chegada da imunização ameniza não somente o risco de infecção, mas a pressão na categoria. "É um contato muito direto, trata-se não apenas de nossa saúde física, mas a saúde psicológica".


Dois detentos fugiram da Penitenciária I de São Vicente
Dois detentos fugiram da Penitenciária I de São Vicente   Foto: Divulgação

De acordo com o presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP), Fábio César Ferreira, a visitação aos presidiários foi liberada no Estado de São Paulo e estão voltando as transferências e o atendimento aos presos. "Está começando o genocídio. Como a gente observa nas cidades, as cadeias estão voltando tudo como se não tivesse pandemia", explica, citando que não é realizada testagem na população carcerária, nos servidores ou nos familiares que fazem a visita. "Alguns parentes precisam atravessar o Estado pra visitar. Ele se expõe ao vírus, se contamina e acaba contaminando os presos, os servidores".


"Perdemos companheiros de serviço. Essa vacinação ia ajudar muito o sistema prisional", completa o presidente do SIFUSPESP. Segundo ele, a imunização é muito bem-vinda e o grupo prioritário deveria incluir não apenas os agentes penitenciários, como todos os profisisonais que atuam na segurança pública. "Valoriza quem está arriscando a vida na proteção da sociedade".


Fábio ainda explica que já solicitou a vacinação ao Ministério da Saúde, mas sem resposta. "Esperamos que com essa resolução eles possam modificar e nos colocar no grupo prioritário", finaliza.


Resolução


A resolução publicada no Diário Oficial afirma que “quanto maior a demora da vacinação no sistema prisional, maiores serão os gastos em 2021 com a prevenção e assistência à saúde da massa carcerária”.


A recomendação é que as secretarias estaduais de saúde preparem planos operacionais, em parceria com as administrações penitenciárias para a vacinação de policiais penais e pessoas privadas de liberdade, observando as fases e o calendário previstos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19.


Dados


Ainda de acordo com a publicação no Diário Oficial, 42.517 presos foram contaminados pela covid-19 entre março de 2020 e janeiro de 2021. Desses, 133 presos morreram por causa da doença. Na comparação com a população brasileira, a taxa de infecção foi 47% maior.


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