Aberta temporada de raios e mitos; confira algumas explicações sobre o fenômeno

Por ano no país, são registradas mais de 70 milhões de descargas elétricas

Por: Matheus Müller  -  22/01/20  -  21:02
Temporal de segunda-feira iniciou período de maior incidência de descargas elétricas na região
Temporal de segunda-feira iniciou período de maior incidência de descargas elétricas na região   Foto: Alexsander Ferraz

Por ano, no Brasil, são registrados mais de 70 milhões de raios – o país com mais ocorrências no mundo. Daí a pergunta: você realmente acredita que eles não podem cair no mesmo lugar? O Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirma que pode acontecer, ainda mais em locais que apresentam grande incidência, como o monumento do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que é atingido cerca de seis vezes por temporada.


Agora, e as respostas para: um raio derruba um avião? Espelhos atraem descargas elétricas? A praia é o lugar mais perigoso? Se essas e outras dúvidas existem, abaixo vão algumas explicações do Elat/Inpe sobre mitos e verdades.


Lembrando que o verão é a estação do ano com mais manifestações do fenômeno e, portanto, é preciso adotar algumas precauções em dias de temporais. Só na Baixada Santista, entre 1º e 19 de janeiro, foram registradas 2.195 quedas de raios.


Aparelhos eletrônicos devem ser desligados durante uma tempestade?
Sim, pois podem causar sobrecarga elétrica.


Usar o celular durante um temporal pode atrair raios?
Somente se o aparelho estiver conectado à tomada.


Passageiros em aviões correm riscos?
Aviões comerciais são atingidos por relâmpagos uma vez por ano em média. Em geral, durante procedimento de aterrissagem ou decolagem, em alturas inferiores a 5 quilômetros. Como consequência, a fuselagem do avião sofre avarias superficiais.


Uma pessoa dentro de um avião também está protegida, pois o relâmpago tende a fluir ao longo das partes metálicas externas, não penetrando no avião e seguindo seu caminho na atmosfera.


Acidentes com aviões ocasionados por relâmpagos são raros, mas existem. O pior deles ocorreu em 1963, nos Estados Unidos, quando um relâmpago atingiu o tanque de combustível de um Boeing 707 causando a explosão do tanque, a queda do avião e a morte de 81 pessoas.


E a bordo de embarcações?
O efeito de uma descarga sobre um barco pode ser bem diferente da que ocorre em um objeto no solo. O mastro do barco é um ponto bem mais alto e, portanto, suscetível de ser atingido. Se uma descarga atinge o mastro, ela pode provocar aberturas no barco que podem o fazer afundar ou mesmo causar um incêndio.


Para evitar ou ao menos diminuir a probabilidade que tal acidente ocorra, pode-se usar o mastro, caso seja metálico, como um para-raios, conectando-o a água por um cabo condutor isolado da estrutura do barco.


Mesmo tomando todos os cuidados, se estiver em um barco durante uma tempestade, procure ficar dentro da cabine (quando houver). Felizmente, os barcos são bem menos atingidos por raios do que os aviões, visto que raios ocorrem com menor frequência nos oceanos, principalmente em alto mar.


Os carros são seguros?
Carros (não conversíveis) são abrigos seguros para proteção contra raios, contudo, é possível que o veículo sofra avarias.


Espelho atrai raios?
Não. A crença surgiu na época em que os espelhos tinham grandes molduras metálicas. Elas eram um grande atrativo para os raios. Portanto, não há necessidade de cobrir espelhos durante uma tempestade.


A praia é o lugar mais perigoso?
As atividades na área rural apresentam o maior número de mortes por raios, são cerca de 25%. Em seguida, aparecem os casos dentro de casa (pessoas mexendo em equipamentos com fiações), 10% próximo a veículos, 8% embaixo de árvores, 7% jogando futebol, 5% sob coberturas, 4% na praia e 18% em outras situações.


É impossível sobreviver à descarga elétrica de um raio?
Se a pessoa for atingida diretamente, sim. No entanto, a chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, sendo em média menor do que um para um milhão. Contudo, se a pessoa estiver numa área descampada embaixo de uma tempestade forte, esta chance pode aumentar em até 1 para mil.


Entretanto, não é a incidência direta do raio a maior causadora de mortes e ferimentos. Geralmente são os efeitos indiretos associados a incidências próximas ou efeitos secundários dos raios que trazem risco. As descargas também provocam incêndios e queda de linhas de energia.


O que são raios?
São descargas elétricas de grande intensidade que conectam o solo e as nuvens de tempestade na atmosfera. A intensidade típica de um raio é de 20 mil ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. A descarga percorre distâncias da ordem de 5 quilômertos.


Qual a duração de um raio?
Um raio pode durar até dois segundos, mas dura em geral cerca de meio a um terço de segundo. No entanto, cada descarga que compõe o raio dura apenas frações de milésimos de segundos.


Por que o Brasil é campeão mundial em incidência de raios?
A explicação é geográfica: é o maior país da zona tropical do planeta - área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades e de raios.


Qual a diferença entre relâmpagos e raios?
Relâmpagos são todas as descargas elétricas geradas por nuvens de tempestades, que se conectam ou não ao solo. Já os raios são somente as descargas que se conectam ao solo.


O que é o trovão?
É o som produzido pelo rápido aquecimento e expansão do ar na região da atmosfera onde a corrente elétrica do raio circula.


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