No Boqueirão, em Santos, passado e presente em total harmonia

Um dos mais tradicionais bairros santistas está em festa neste domingo (25)

Por: Egle Cisterna  -  25/10/20  -  11:31
O Super Centro Boqueirão é uma das grandes referência do bairro santista
O Super Centro Boqueirão é uma das grandes referência do bairro santista   Foto: Carlos Nogueira/AT

Uma paisagem charmosa na praia, que inclui uma fonte em reforma atualmente e um belo casarão branco que abriga a Pinacoteca Benedicto Calixto. Uma efervescência de jovens estudantes, com três grandes universidades em seu território. E uma forte vocação comercial, que convive pacificamente com a área residencial, que se verticalizou nos últimos anos.


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Essas são algumas das inúmeras características que definem o bairro do Boqueirão, em Santos, que hoje está em festa.


Sem saber a idade exata do bairro, o aniversário é comemorado na mesma data em que foi fundada a Sociedade Amigos e de Melhoramentos do Boqueirão, em 25 de outubro de 1960.


Nestes últimos 60 anos, muita coisa mudou, como os prédios que agora dominam as ruas e os bondes não circulam mais por ali.


Mas quem vive na região garante que não troca o bairro por nada e guarda as lembranças do passado com carinho.


É o caso da comerciante Celia Abrantes, de 48 anos, que sente saudades de algumas tradições e festas do bairro que se perderam. “Todo ano, no dia 25 de outubro, havia uma superfesta de aniversário na Conselheiro Nébias, com roda de fogo, bandas e fanfarras. Era maravilhoso. Mas quem organizava foi morrendo e isso se perdeu”, lamenta ela, cuja família está à frente do Bazar 5 de Outubro, na Rua Epitácio Pessoa, há 102 anos (veja mais no destaque ao lado).


Ela conta ainda da felicidade que era ver, na infância, os desfiles de Carnaval que aconteciam na orla do bairro e terminavam na Avenida Conselheiro Nébias.


Modernização


Morador do bairro há 25 anos, o comerciante Emílio Pechini avalia que o comércio da região teve que se modernizar atendendo à grande demanda do mercado imobiliário.


“De um bairro de casas e comércios, passamos a ter prédios de um nível mais elevado. Isto porque as pessoas querem morar aqui, pois é um bairro tranquilo, que tem de tudo e é possível fazer tudo a pé”, conta ele.


Super Centro


Outro ponto comercial marcante do bairro é o Super Centro Boqueirão, que foi inaugurado há 55 anos e é lembrado por muitos santistas como o primeiro shopping da região.


O comerciante Felipe Vilarinho também acompanhou de perto as transformações do bairro, onde sempre morou e trabalhou. “Santos tem um carinho muito grande pelo Boqueirão, que cresceu muito nos últimos anos. O Super Centro Boqueirão, por exemplo, fica na memória de todos, por ser o shopping mais antigo da Cidade. Muita gente vinha aqui, na infância, ver as tartarugas no lago”, lembra ele, cuja família tem uma floricultura no local há quase 55 anos.


Vilarinho destaca ainda a fonte que fica na praia, na direção da Avenida Conselheiro Nébias. “Aquilo é marcante para mim, com os desenhos nas calçadas. É a cara do bairro, um cartão postal que temos aqui.”


História


O nome Boqueirão já era utilizado em 1840, quando as pessoas que queriam ir até a praia tinham de atravessar o Caminho Velho da Barra (atuais ruas Brás Cubas, Luís de Camões e Oswaldo Cruz) até chegar ao boqueirão, uma grande boca que abria passagem para a praia.


Mesmo com a construção da Avenida Conselheiro Nébias, em 1872, o local continuou a ser usado e o nome mantido.


Símbolo do comércio


Símbolo do comércio tradicional da Rua Epitácio Pessoa, o Bazar 5 de Outubro está em funcionamento desde 1918, passando de geração para geração da mesma família. Fundado pela portuguesa Maria dos Prazeres, que enfrentou todos os preconceitos naquela época por ser mulher e estrangeira, o nome da loja é uma homenagem à data cívica portuguesa: 5 de outubro foi o Dia da Proclamação da República, em Portugal, ocorrida em 1910.


O antigo armazém de secos e molhados ficava a poucos metros de onde hoje a loja se encontra e foi crescendo na mesma proporção que o seu entorno e o bairro.


“Fomos nos modernizando. Hoje, em meio à pandemia, até pelo WhatsApp trabalhamos. Mas ainda somos muito procurados pelo atendimento familiar, pela conversa com cada cliente”, comenta Célia Abrantes, uma das descendentes de Maria dos Prazeres.


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