Moradores exaltam tranquilidade e tradição da Vila Belmiro em Santos

Antigos e novos residentes garantem que clima pacato do bairro ainda é mantido, mesmo com verticalização geral que aconteceu na Cidade

Por: Júnior Batista  -  21/10/20  -  22:18
Moradores relatam tranquilidade e tradição da Vila Belmiro, em Santos
Moradores relatam tranquilidade e tradição da Vila Belmiro, em Santos   Foto: Carlos Nogueira/AT

Ao entrar na Vila Belmiro, em Santos, tem-se a sensação de que ficou para trás aquela Cidade cheia de prédios e barulho, como acontece em bairros movimentados, como o Gonzaga ou o Boqueirão. As pequenas ruas e vielas, com casas antigas e coladas umas nas outras (algumas com mais de 100 anos) mantém a tradição de um bairro pacato. 


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De origem operária, assim como seus “primos” Macuco e Vila Mathias, a Vila ainda tem moradores antigos, mas também continua aberta aos novos integrantes de um dos locais mais tradicionais da cidade, onde fica o orgulho santista, o Estádio Urbano Caldeira, sede do time do Santos.


“A Vila Belmiro foi um local que se desenvolveu para ser mais de ‘classe média’, digamos assim. Era um dos bairros operários, que se desenvolveu nos anos de 1920. Só que diferentemente das casas do Macuco e Vila Mathias, lá há construções maiores, sobrados”, conta o historiador Sérgio Williams.


O que a Vila ganhou de presente foi justamente a presença do estádio, inaugurado em 1916, quatro anos o registro oficial de surgimento do time santista. Em seu entorno, cresceu o clima familiar da classe média santista, que começava a se desenvolver por conta da expansão do Porto e também do projeto dos canais, idealizado por Saturnino de Brito. 


Donos de uma dessas antigas casas do bairro na Rua Mariz e Barros, o casal Dulce e Nilton Oliveira, que vive ali há 45 anos, conta que o clima tranquilo continua preservado. “É um dos poucos locais de Santos em que você ainda vê pessoas na calçada conversando”, conta a aposentada, de 78 anos.


Ela recorda que havia muitas crianças brincando na rua quando se mudou ainda havia um campinho onde hoje é a intersecção com a Rua Paissandú e a pequena Rua Monsenhor Rizzo. 


Aliás, o esporte é um dos fatores que mais influenciaram o bairro, que foi sede de outro estádio, batizado de Praça de Esportes Alpheu Paim, da Associação Athlética Americana, fundada em 14 de julho de 1914. “O que diferenciou foi o fato de ter ali o estádio do Santos, que nasceu naquele espaço. Do lado, onde é a escola Plínio Ferreira, havia esse clube. Então, a comunidade vai crescendo no entorno desse espaço esportivo, que ganhou a força de ser o maior da cidade”, explica Williams.


Moradora do bairro há 15 anos, também na Rua Mariz e Barros, a autônoma Graziela Incerpi gosta muito do local. “É bem residencial, tranquilo. Um pouco antes e depois dos jogos (no estádio) que tem uma movimentação, mas não é nada demais. Gosto muito”, conta ela, que é vizinha da dona Dulce.


A mais novata é a gerente administrativa Andréia da Conceição, que mora na vilinha da rua Monsenhor Rizzo. Ali, as casas se englomeram numa área retângular de casas onde vive há pouco mais de três anos com o marido. Diz que se sente muito tranquila pela escolha, após ter crescido no entorno da Carvalho de Mendonça, no bairro vizinho, Marapé.


“Ainda é possível ver crianças brincando na rua, coisa que muitas deixaram de lado pela falta de segurança ou pelas telas. Tem o estádio, mas a mim não incomoda nada, eu até gosto”, conta ela.


Para o historiado Sérgio Williams, a Vila Belmiro é bairro mais famoso de Santos fora da Cidade. “O Gonzaga é bem conhecido também, mas é o bairro santista mais conhecido do mundo com certeza por conta do estádio e do Santos”.


Vila Operária


Chamado antes de Vila Operária, o bairro era conhecido por abrigar chácaras de japoneses e funcionários de empresas instaladas na Vila Mathias e Jabaquara. A denominação Vila Belmiro foi uma homenagem ao ex-prefeito Belmiro Ribeiro de Morais e Silva, que exerceu o cargo de 1910 a 1920.


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