Berço do futebol e carnaval, Macuco comemora tradição e clima familiar em Santos

Bairro rodeado de caminhões e do Porto consegue manter a tranquilidade que é sua marca

Por: Júnior Batista  -  29/10/20  -  13:32
Berço do futebol e carnaval, Macuco, em Santos, comemora tradição e clima familiar
Berço do futebol e carnaval, Macuco, em Santos, comemora tradição e clima familiar   Foto: Carlos Nogueira/AT

Cria do Macuco não larga o bairro por nada. Quem mora no bairro santista gosta mesmo de andar na rua, curtir o carnaval e ver o Santos o jogar. A Praça Rubvens Ferreira Martins é local religioso. E em todos os sentidos, é lá que está a Igreja São Jorge Mártir e também as memórias dos mais antigos moradores, que faziam folia no espaço e também jogavam bola antes de construírem a estrutura metálica que hoje serve de abrigo para as festas do bairro.


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O “Macucão”, como chamam carinhosamente os moradores, já foi o maior e mais populoso bairro de Santos até os anos de 1950. Um terço dos santistas moravam lá, boa parte a classe operária que trabalhava no Porto. Tinha também as maiores dimensões da cidade, pegava parte do Entreposto de Pesca na Ponta da Praia e até o Mercado Municipal. Hoje, pega o perímetro entre as avenidas Afonso Pena, Siqueira Campos, Rodrigues Alves e as ruas João Alfredo, Xavier Pinheiro e Campos Melo. 


É lá que estão três escolas de samba: X-9, Brasil e Padre Paulo, orgulho dos moradores. Apesar do vai e vem diário dos caminhões que vão para o Porto em intenso fluxo pelas avenidas Perimetral e Senador Dantas, quem mora ali garante que o clima de grande família permanece. 


Dona Maria do Rosário que o diga. Aos 85 anos, ela foi para a casa onde está hoje aos 14, na Rua João Luzo. Ela criou os filhos por ali e vê os netos e a bisneta curtir o espaço. Tudo na mesma residência, que mantém o muro baixo e portas e janelas simples.


“Ah, eu adoro. É tranquilo, seguro. A gente ainda consegue conversar na calçada e aqui todo mundo se conhece. Gosto muito do Macuco, não troco por nada”, diz a aposentada.


Ela lembra que na mudança haviam apenas chácaras, mato e a Bacia do Macuco no local. Os filhos, ao crescerem, brincavam de carnaval na rua e jogavam futebol com os vizinhos. 


O estivador aposentado Roberto Gonçalves, de 70 anos, também mantém vivo na memória as pequenas casas que loteavam o bairro quando se mudou, há mais de 30 anos. 


“Meus filhos cresceram aqui, brincavam na rua. O Macuco é um bairro de muitos trabalhadores e a gente mantém esse sentimento até hoje”, diz.


Verticalização


A construção de prédios acontece mais lentamente no bairro, embora as construções na Rua Santos Dumont já demonstrem o que pode ser uma tendência que se seguiu por toda a Cidade. 


Apesar disto, quem mora por lá diz que não sai de jeito nenhum e torce para que essa verticalização demore. “Eu gosto desse clima familiar e espero que demore para mudar. Deixa o bairro mais calmo, aconchegante. Espero que isso não mude”, afirma dona Maria do Rosário.


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