Codesp pretende demitir pessoas que ocupam cargos comissionados

Na lista, estão cerca de 15 profissionais. Demissões devem ocorrer ainda nesta semana

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  06/11/18  -  10:58
Atualizado em 06/11/18 - 11:03
Sede da Companhia Docas, em Santos: infração que originou a multa ocorreu na gestão de Alex Oliva
Sede da Companhia Docas, em Santos: infração que originou a multa ocorreu na gestão de Alex Oliva   Foto: Carlos Nogueira/AT

Cerca de 15 pessoas que ocupam cargos comissionados na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) devem ser demitidas ainda nesta semana. Entre elas, está um assessor do ex-presidente José Alex Oliva, preso temporariamente desde a última quarta-feira pela Polícia Federal (PF). Segundo funcionários da estatal, desde que assumiu a função, há dois anos, este empregado apareceu poucas vezes na empresa.


A Operação Tritão, realizada a partir de uma parceria entre a PF, a Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF), identificou irregularidades em três licitações para contratação de serviços de informática no cais santista.


A PF aponta fraudes na contratação da digitalização de documentos com a MC3 Tecnologia e irregularidades na contratação de serviços de informática com a N2O Tecnologia, além de pagamento indevido realizado à empresa Domain Consultores, em forma de aditivo contratual.


Por conta disso, o ex-presidente Alex Oliva e mais seis pessoas foram presas. Entre os detidos, estão o ex-diretor de Relações como Mercado e Comunidade da Docas Cleveland Sampaio Lofrano e o ex-superintendente Jurídico da Codesp Gabriel Nogueira Eufrásio.


A Tribuna apurou que o plano do novo presidente da Docas, Luiz Fernando Garcia, é afastar funcionários que ocupam cargos comissionados e foram indicados por envolvidos na suposta organização criminosa identificada pelo MPF. Entre esses executivos, estão assessores, gerentes e superintendentes da Docas.


Mas um caso chama a atenção de funcionários da Autoridade Portuária – o de um assessor de Oliva que, segundo os portuários, pouco apareceu na empresa desde que foi contratado, em setembro de 2016.


“Há tempos estamos denunciando o escambo que virou esse festival de nomeações políticas de pessoas despreparadas, que nada entendem da atividade e que jamais viram um porto na vida, como é o famoso e vergonhoso caso do assessor da presidência conhecido como Guga (Luiz Gustavo Fonseca da Silva), que, mesmo empregado e ganhando excelente salário, nunca deu o ponto para trabalhar na Codesp e sequer sabem de seu paradeiro”, destacou o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Portuária, João de Andrade, que até o mês passado integrou o Conselho de Administração (Consad) da estatal.


Posse


Garcia deve iniciar suas funções no cargo de diretor-presidente da Codesp hoje. Apesar de ter sido indicado pelo ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro, e ter o nome aprovado pelo Consad da Docas, ainda é necessária uma aprovação da Casa Civil e do Comitê de Elegibilidade, conforme a Lei nº13.303, a Lei das Estatais.


No lugar de Lofrano, assumiu o presidente do Consad, José Alfredo de Albuquerque e Silva. Já a vaga ocupada por Eufrásio ainda está vaga.


Mesmo antes de ser formalmente empossado, Garcia se reuniu, na última quinta-feira, com representantes de empresas e de trabalhadores que atuam no Porto. Segundo o presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), João de Almeida, no encontro, foram discutidos temas como infraestrutura, gestão, performance operacional do cais santista.


Um novo encontro com empresários ficou pré-agendado para final deste mês. “A impressão foi muito boa. O novo presidente Luís Fernando se mostrou disponível e bastante inteirado com as ações que precisam de continuidade, tanto é que nos recebeu no mesmo dia de sua posse, para ouvir a classe empresarial dos operadores portuários e os temas de maior importância e que precisam de continuidade”, afirmou Almeida.


No encontro com líderes sindicais, Garcia ouviu as reivindicações dos trabalhadores, entre elas o desligamento imediato de todos os empregados comissionados indicados por partidos políticos, a revisão dos contratos celebrados pela empresa, a proibição de novos aditamentos contratuais e a suspensão dos chamados reequilíbrios financeiros.


“Todos os problemas foram causados por pessoas de fora e o pessoal interno tem total capacidade de exercer essas funções”, destacou Andrade. Procurada, a Codesp não respondeu aos questionamentos da Reportagem sobre o assessor Luiz Gustavo Fonseca da Silva até o fechamento desta edição.


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