''As empresas queriam receber dinheiro'', diz procurador sobre fraudes na Codesp

Investigação sobre esquema pode envolver valores que chegam a R$ 80 milhões

Por: De A Tribuna On-line  -  31/10/18  -  18:06
  Foto: Carlos Nogueira/AT

Em entrevista ao jornal A Tribuna, o procurador-chefe do Ministério Público Federal (MPF-SP), Thiago Lacerda Nobre, que comandou as investigações sobre as fraudes em licitações e corrupção em contratos da Codesp, afirmou que, em valores, a quantia envolvida no esquema chega a R$ 20 milhões apenas em Santos, referentes a três contratos. Mas o volume alcança R$ 80 milhões se considerados contratos celebrados com órgãos do governo, como Secretaria Especial de Portos (SEP) e Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit).


As investigações do MPF-SP culmiraram com a Operação Tritão, deflagrada nesta quarta-feira (31) pela Polícia Federal, que cumpre mandados de prisão e apreensão em Santos e Guarujá. Entre os detidos está José Alex Oliva, presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Ele foi capturado no Rio de Janeiro.


''Em geral, os valores somam R$ 80 milhões. O esquema era variado. As empresas desejavam receber dinheiro'', ressaltou o procurador.


Segundo ele, uma das empresas foi contratada para o fornecimento de softwares e, posteriormente, ficou comprovado que eles não tinham utilidade. ''Embora tenham custado R$ 12 milhões''.


Nobre se referia a um dos contratos citados visando a implantação de sistema de gerenciamento e que foi assinado pela Secretaria de Portos do Ministério dos Transportes, sendo adquirido pela Codesp em 2016 pelo valor de R$ 12,3 milhões. A N20, empresa vencedora, teria vencido a licitação por meio de direcionamento. Outras empresas do ramo portuário e logístico também aderiram e o valor contratado atualmente atingiu R$ 71,7 milhões.


''Segundo análise do TCU, os suistemas objeto desse contrato eram pouco úteis e caros'', declarou o procurador.


Houve ainda pagamento indevido de R$ 1,2 milhão, pela Codesp, à empresa Domain Consultores Associados em Informática, em setembro de 2016.


De acordo com o MPF, a empresa alegava ter sido prejudicada por variações cambiais e exigia mais dinheiro do Porto de Santos. ''Ela conseguiu com apoio do setor jurídico do porto, após três negativas da área de logística, que não via razão para o pagamento extra. E a variação cambial do dólar não ocorreu''.


A Tribuna On-line entrou em contato com as empresas citadas na matéria, mas, até o momento, não houve retorno.


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