Santos tem 912 casas em áreas de risco nas encostas dos morros

Defesa Civil afirma que, apesar da necessidade de remoção, transferência deve acontecer em médio e longo prazos

Por: Gustavo T. de Miranda  -  13/11/18  -  18:00
Santos possui 10.832 domicílios em áreas de risco de movimentos gravitacionais de massa
Santos possui 10.832 domicílios em áreas de risco de movimentos gravitacionais de massa   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Santos tem 912 casas em áreas de risco de deslizamentos em encostas de morros. A informação é do coordenador da Defesa Civil do Município, Daniel Onias, e integra o Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), atualizado por técnicos da Prefeitura.


Dois dias depois de um deslizamento ter matado 15 pessoas no estado do Rio de Janeiro, Onias prefere não apontar semelhanças entre Santos e Niterói, cidade onde ocorreu a tragédia. “O Sudeste tem vários municípios de moradia de encosta de morros, todos eles têm problemas. Prefiro não falar de semelhanças, até porque não conheço adequadamente”.


O coordenador da Defesa Civil de Santos admite que, apesar da necessidade de remoção, a transferência dessas famílias deve acontecer em médio e longo prazos. “Elas serão retiradas das áreas de risco à medida em que o poder público puder dar esse aporte”, diz.


A Defesa Civil de Santos acompanha a situação de 10.832 residências que convivem com algum tipo de risco. Segundo levantamento atualizado por geólogos da Prefeitura, há 142 moradias instaladas em área de risco baixo (R1); 6.490 de risco médio (R2); 3.096 de risco alto (R3) e 1.104 de risco muito alto (R4).


Onias comenta que essas residências estão instaladas na encosta de 17 morros. “Não tem uma que seja mais arriscada que a outra. Todas têm risco. São 24 áreas, mais de 100 setores. Todas as áreas de risco estão mapeadas e propomos intervenções e contenções de encosta, impermeabilizações. Temos a missão de monitorar e conviver com esse risco enquanto ele perdurar, evitando algum tipo de intercorrência”.


Onias admite que é muito difícil coibir esse tipo de moradia. “Às vezes lideranças políticas, até movimentos próprios advogam pelas moradias. Setores como o nosso precisam ser monitorados 24 horas por dia”.


Segundo a Administração, o conjunto habitacional Santos R, no Morro Nova Cintra, deve receber uma parte dessa demanda. “O conjunto vai abrigar praticamente um terço da demanda. Serão 326 unidades”, explica Onias.


Mais ou menos chuva?


Segundo o coordenador da Defesa Civil, especialistas em meteorologia ainda não chegaram a um consenso a respeito da possibilidade de o próximo verão ter mais ocorrência de chuvas. “Temos acompanhado os especialistas. Acredita-se na influência do El Niño, mas a verdade é que se aqui chover na média, já é bastante chuva”.


Em 2000, houve a última ocorrência mais grave, em que um bloco de pedra rolou, atingiu uma casa e matou um homem, na região do Marapé. “De lá para cá não veio nenhum caso. O risco existe, depende do acompanhamento constante e também do morador estar atento, evitar lançar água direto na encosta, resíduos e entulhos”, comenta.


Segundo Onias, nesta época do ano é necessário evitar obras, evitar cortes e aterros, sem antes consultar a Prefeitura. “É preciso falar com a subprefeitura, com um técnico da Defesa Civil antes de qualquer intervenção maior”, explica.


Onias afirma que a população deve prestar atenção em indicativos nos terrenos que sinalizam a possibilidade de deslizamento de terra e escorregamentos. “Trincas no solo, no quintal, na parede”, ensina.


Outro sinal de alerta é a formação de degraus no solo, os chamados desníveis. “Isso mostra a movimentação do solo. Outra coisa é a movimentação de árvores, postes e cercas. Eles não podem ficar meio inclinados do nada”.


Para quem vive em áreas de paredões rochosos, também é necessário ficar atento a estalos e novas trincas. “Outro fator importante é o aparecimento de água escorrendo, uma água barrenta. Ela sinaliza que o solo está encharcado e que pode, a qualquer momento, haver um problema”, cita Onias.


Para ele, quando houver algum desses sinais, o cidadão deve se retirar da residência e procurar um abrigo. “Temos um telefone para o qual é possível ligar, o 199. Enquanto houver esse problema, o que cabe a nós é conviver com o risco, tomando todas as medidas para evitar fatalidades”, finaliza.


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