Santos quer vacinar 4 mil estudantes contra o HPV

Vírus é responsável por grande quantidade de cânceres, como os de colo do útero, vulva, vagina, pênis e orofaringe

Por: Gustavo T. de Miranda  -  17/11/18  -  19:34
  Foto: Divulgação/SCSM

Ao menos 3.985 alunos das escolas municipais de Santos entre 9 e 13 anos que deveriam ter se vacinado contra o papilomavírus humano (HPV) ainda não receberam proteção. O vírus é responsável por grande quantidade de cânceres, como os de colo do útero, vulva, vagina, pênis e orofaringe. O número representa um terço do total dos estudantes da rede santista que deveriam ser imunizados.


A constatação é do programa Saúde na Escola, desenvolvido em conjunto pelas secretarias municipais de Saúde e Educação para monitorar doenças no ambiente escolar das unidades santistas. Segundo uma das coordenadoras do programa, Ercilla Wiggert, os técnicos da Prefeitura se basearam nas estatísticas do prontuário eletrônico de quem foi imunizado nas policlínicas.


“Depois, a gente cruzou (os dados) com as 39 escolas da rede municipal e chegou ao número de alunos que não tinham sido vacinados ou não estavam cadastrados no sistema municipal”, explica.


Com essa informação, “a escola mandou para cada pai um bilhete, para que eles tivessem um prazo para atualizar a carteira dos filhos. Vai acabar após o feriado, quando quatro agentes articuladoras vão começar a visitar as escolas para pegar esse dado”, acrescenta.


Difícil solução


Não é a primeira vez que A Tribuna noticia as dificuldades em se cumprir a meta da vacinação contra o HPV. Inserida no calendário oficial de vacinação em 2015, a vacinação contra o vírus HPV é uma das que têm menor adesão. É recomendada para meninos de 11 a 14 anos e meninas de 9 a 14. Na Baixada Santista, a cobertura é de apenas 11,27% do objetivo. A meta é de 80%.


Segundo a Secretaria de Saúde, o público-alvo é de 20.428 jovens – 12.596 meninas e 7.832 meninos. De janeiro a agosto deste ano, foram aplicadas 7.587 doses da vacina. Entre as meninas de 9 a 14 anos, foram 2.067 com a primeira dose (cobertura de 16,4%) e 1.648 vacinadas com a segunda (13%). Entre os meninos de 11 a 14 anos, 2.028 tomaram a primeira dose (25,8%) e 1.844, a segunda (23,5%).


Para especialistas, a baixa adesão à vacinação contra o HPV é resultado da falta de informação decorrente de reações esporádicas à vacina. Por exemplo, episódios em Bertioga, quando alunas alegaram reação à dose.


Segundo Ercilla, muitos pais temem dar a vacina por medo de ela estimular a vida sexual das crianças. “Esse é um dos motivos. O outro é que existe uma corrente de médicos mais naturais que não é favorável às vacinas e tem desaconselhado as mães a vacinarem os filhos”, explica a coordenadora do programa Saúde na Escola.


Ela pede a colaboração dos pais. “Precisamos da ajuda deles, para que eles respondam ao bilhete que a escola mandou. Não tem necessidade de ter medo. A vacina vai impedir que tenha problemas futuros, é uma prevenção ao câncer de colo de útero de pênis. É a mesma vacina que se dá na clínica particular”, cita.


O enfermeiro Alex Charleaux Amorim, responsável técnico da Central de Imunização de Santos, observa que, “na literatura, tem caso de o aparecimento de verrugas ocorrer 15 anos após a contaminação. Recebendo a vacina o quanto antes, melhor é para a prevenção da doença”.


Desinformação


Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o pediatra Renato Kfouri, como o HPV é transmitido por via sexual, há quem tema a vacina por isso.


“É uma vacina contra o câncer, e as pessoas se preocupando em não se vacinar por causa de sexo. É uma desinfor-mação grande”, critica.


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