Exposição de ossadas em cemitério não causa risco à população, diz Prefeitura

Desabamento ocorreu na manhã de terça-feira. Construção do muro levará seis meses

Por: Sheila Almeida  -  21/11/18  -  11:49
  Foto: Rogério Soares/AT

A Prefeitura de Santos innformou que o desabamento de parte do muro do Cemitério da Areia Branca, na Zona Noroeste, na manhã de terça-feira (20), não causa risco iminente para a saúde da população, uma vez que os corpos que ficaram expostos após a queda da estrutura já passaram do processo de decomposição. A obra do novo muro deve levar seis meses, segundo estimativas. A exumação dos ossos, a limpeza do local e a colocação dos tapumes para fechar o vão já foram concluídos.


O acidente ocorreu por volta das 7 horas e, por sorte, ninguém passava pelo local no momento em que o muro cedeu. Um táxi que estava estacionado no ponto exato do desabamento foi danificado. No total, 36 gavetas e 21 ossadas – principalmente os crânios de quem foi sepultado lá, ficaram expostos. As ossadas permaneceram expostas entre 7h e 10h, quando um plástico foi colocado para proteger os restos mortais da chuva.


Depois, funcionários fizeram a exumação dos restos mortais, informando que não houve mistura entre eles. Familiares serão informados para definir o destino do material. Agora, madeirites tampam a vista do problema.


Apesar de um abaloamento em parte maior da que caiu, só a calçada próxima de onde ocorreu o desmoronamento deve ser interditada. De acordo com a Defesa Civil, não há mais risco em outros locais.


O início da construção do muro no entorno do cemitério pode levar até 30 dias. Falta a homologação da licitação da empresa que fará a obra – parte burocrática da ação de zeladoria que não começou a tempo de prevenir o desmoronamento.


Desabamento de muro do Cemitério da Areia Branca deixou ossadas à mostra
Desabamento de muro do Cemitério da Areia Branca deixou ossadas à mostra   Foto: Rogério Soares/A Tribuna

Inconformados


Moradores da frente do cemitério estavam inconformados, lembrando que o muro era alvo de reclamação há anos. Foi fruto de reportagens em A Tribuna antes da última reforma. Em 2016, inclusive, o muro foi alteado por conta de assaltos.


Miriam Cristina Suzuki, funcionária pública de 50 anos e há 30 moradora da rua onde houve o desmoronamento (Tomoichi Kobushi), contou que refizeram os fundos do cemitério após muita reclamação.


“Porque escorria chorume dos cadáveres. No sol, era horrível o cheiro. Pago R$ 98,00 de IPTU por mês para isso. É só entrar no cemitério para ver como está em estado de abandono o ano todo. Imagina agora o perigo de cair o resto”.


Shirley Costa Caetano, operadora de telemarketing, de 57 anos que mora próximo a esquina dos fundos do cemitério explica que a queda não foi uma surpresa. “Porque a gente passa aqui todo dia e vê tudo torto. Já era de se esperar”.


Táxi atingido


Dono do táxi atingido pela queda do muro, Ronald Denari, de 63 anos, disse ter trabalhado à noite e voltado para tomar café, antes de tentar ganhar um pouco mais no feriado. Sua preocupação, além da manutenção do veículo, é o tempo que vai ficar parado. O carro é um Toyota Etios, ano 2014. Denari espera ressarcimento da Prefeitura.


“O mínimo que espero é ser ressarcido do tempo que estou parado. Eu sou autônomo, não tenho afastamento. Não sei nem se vou usar o seguro, porque a franquia é R$ 5 mil. Eventualmente pode ficar abaixo disso o conserto e ainda perco o bônus da renovação. Nem sei quando a Prefeitura vai pagar”, contou ele, informando que diariamente tem renda de aproximadamente R$ 300,00.


Sobre o assunto, a Prefeitura informou que vai avaliar o fato. O prefeito não descartou pagamento via processo administrativo para agilizar o ressarcimento do dano. Mas espera notificação para iniciar procedimento.


Velocidade


Conforme o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), “muitas vezes os processos administrativos não têm a velocidade que a cidade precisa”. Perguntado se os moradores não cobravam ações há meses ou anos, ele disse que a lei precisa ser cumprida.


“A Engeterpa ganhou a licitação, publicada dia 8 agora no Diário Oficial. Reparos são feitos frequentemente. Você faz hoje num ponto, amanhã tem outra necessidade e o maior desafio da gestão é a manutenção. Nesse caso específico, a providência formal já tinha sido tomada”, falou sobre o contrato de R$ 590 mil.


Logo A Tribuna
Newsletter